Bola de Neve: MP arquiva inquérito que apurou suposta lavagem de dinheiro

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e a Polícia Civil pediram arquivamento de um inquérito que apurava suspeitas de irregularidades na gestão administrativa e financeira da Igreja Evangélica Bola de Neve.
O que aconteceu
Investigação começou após denúncia da pastora Denise Seixas, viúva do apóstolo Rina, fundador da igreja. Ela apresentou uma notícia-crime ao MP em fevereiro, questionando os contratos da Bola de Neve com empresas ligadas a Everton Ribeiro, diretor financeiro da igreja: a Siaf Solutions, a Filhos do Rei Serviços de Conservação e a Green Grid Energy, de energia solar.
MP e Polícia Civil afirmam que não constataram irregularidades. O parecer do MP diz que não há "indícios suficientes da ocorrência de ilícito". O promotor responsável pelo caso é Cláudio Cavallini, da 26ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital. O relatório final do inquérito da Polícia Civil, assinado pela delegada Júnia Cristina Leme Macedo, aponta que não foi identificado superfaturamento, desvio de recursos ou simulação contratual por parte das empresas citadas.
Diretor financeiro diz que contratos são todos legais. Em depoimento à polícia, Ribeiro declarou que a Siaf Solutions presta, há mais de dez anos, serviços de gestão financeira à igreja e negou qualquer cobrança indevida. Sobre a Green Grid Energy, explicou que a empresa sequer iniciou suas atividades na igreja. Em relação à Filhos do Rei, empresa de sua irmã Kelly Cristina Ribeiro Bettio, afirmou que a contratação se deu após concorrência com outras prestadoras de serviço e que todas as notas fiscais estão regulares. Kelly confirmou que a empresa presta serviços de portaria à igreja desde 2014 e que todos os contratos foram firmados legalmente.
MP considerou que o fato de o investigado ocupar a função de diretor financeiro e contratar empresas de parentes não implica, por si só, em conduta criminosa. "A eventual insatisfação na condução das contas da entidade deve ser objeto de deliberação entre os membros da pessoa jurídica ou, em última hipótese, de ação judicial na esfera cível", diz o parecer do promotor.
Decisão "atesta a idoneidade do apóstolo Rinaldo Seixas", disse o advogado Aristides Zacarelli Neto, que defende a igreja. Rina presidia a Bola de Neve à época dos contratos investigados e faleceu em novembro de 2024. Zacarelli Neto afirmou ainda que alguns documentos citados na denúncia estavam em duplicidade e sem discriminação, o que teria provocado interpretações equivocadas.
O UOL entrou em contato com Denise Seixas, que ainda não se pronunciou publicamente sobre o arquivamento. Em caso de manifestação, o texto será atualizado.