'Maré virou para a ação climática e não há volta', diz líder da ONU

Em seu discurso de abertura da Conferência de Bonn, etapa preparatória para a COP30, de Belém, o secretário executivo da ONU sobre mudança do clima, Simon Stiell, reforçou a relevância do processo multilateral para conter o aquecimento global e pediu foco nos resultados concretos.
O que aconteceu?
Pedido de mais ambição e cooperação. Com tom pragmático e otimista, Stiell procurou ressaltar o valor dos avanços conquistados nos últimos anos, mesmo que imperfeitos, como exemplos concretos da solidariedade global. "Sem o multilateralismo climático conduzido pela ONU, estaríamos no caminho de até 5°C de aquecimento global. Agora, estamos em cerca de 3°C. É uma medida de quanto já avançamos e de quanto ainda falta caminhar", disse.
Essas sessões são onde passamos do conceito para a clareza - em setores, sistemas e sociedades. Vocês estão construindo os trilhos que nos levam à implementação. O progresso que vocês fizerem nos próximos 10 dias faz uma diferença real na vida de bilhões de pessoas.
Motivos para otimismo. Apesar de reconhecer os desafios, como a necessidade urgente de mais recursos e a crescente frequência de impactos climáticos extremos em todo o planeta, Stiell insistiu que há razões para otimismo. Ele citou "sinais verdes" vindos das maiores economias do mundo, com crescente apoio a políticas e investimentos climáticos.
A maré virou para a ação climática, e não há como voltar atrás, porque isso está totalmente alinhado com os interesses de cada nação.
Transformar as negociações de Bonn em avanços concretos. O secretário destacou cinco frentes prioritárias para tirar discurso do papel. A primeira é a finalização dos indicadores para o GGA (Objetivo Global de Adaptação), que devem ser adotados na COP30. Em seguida, ele defendeu a urgência de tirar do papel o Programa de Trabalho para Transição Justa, de forma a transformar o conceito em realidade nos territórios. Também cobrou a elaboração de um plano detalhado para viabilizar a chamada "Rota para o US$ 1,3 trilhão" em financiamento climático até 2030, com metas claras e estratégias de mobilização de recursos. Outro ponto central é o fortalecimento do programa de mitigação, com foco em soluções práticas que respondam à urgência científica. Por fim, Stiell destacou a necessidade de definir com mais precisão o que significa implementar, de fato, os compromissos assumidos coletivamente, especialmente no contexto do primeiro GST, o Balanço Global do Acordo de Paris.
Apelo por mais apoio financeiro ao próprio processo multilateral. Ele alertou para os desafios orçamentários da UNFCCC, apesar dos esforços da secretaria em cortar custos e aumentar a eficiência. "Essa abordagem não é sustentável. Peço que enfrentem plenamente essa questão em suas deliberações aqui em Bonn, para garantir que esse processo continue gerando resultados concretos."
O que é a Conferência de Bonn
As reuniões de Bonn são consideradas fundamentais para alinhar expectativas e destravar decisões antes da COP30, que será a primeira realizada na Amazônia e terá como destaque a adaptação, a justiça climática e o financiamento para países em desenvolvimento.