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Imagens de satélite mostram danos a usina nuclear do Irã após bombardeio

Imagens de satélite mostram a usina de Natanz antes e depois dos ataques israelenses em 13 de junho de 2025 - Stephen A. Wood / AFP PHOTO / Satellite image ©2021 Maxar Technologies
Imagens de satélite mostram a usina de Natanz antes e depois dos ataques israelenses em 13 de junho de 2025 Imagem: Stephen A. Wood / AFP PHOTO / Satellite image ©2021 Maxar Technologies
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/06/2025 18h22

Israel bombardeou, na sexta-feira passada, a usina nuclear de Natanz, uma instalação de enriquecimento de urânio que fica no Irã. O ataque destruiu a parte externa da usina, segundo o governo iraniano, mas o subsolo do complexo não teria sido atingido.

O que aconteceu

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e o governo iraniano confirmaram que parte dessa instalação havia sido destruída pelos ataques israelenses. A usina de Natanz, no centro do país, é a mais conhecida das instalações nucleares iranianas, e sua existência foi revelada em 2002.

Ontem, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu exército destruiu a principal instalação em Natanz. "É a principal instalação de enriquecimento de urânio" do país, afirmou à emissora norte-americana Fox News.

A AIEA afirmou que não há indícios de que ataques israelenses atingiram a parte subterrânea. "Não houve novos danos" desde os bombardeios de sexta-feira, que destruíram edifícios da superfície, disse Rafael Grossi, diretor-geral da agência nuclear da ONU.

Imagens de satélites (em destaque) mostram o antes e o depois do complexo de Natanz ser bombardeado. As imagens permitem visualizar alguns danos provocados à parte externa da usina, que fica acima do solo, alvejada pelos bombardeios israelenses.

irã - Reprodução/X - Reprodução/X
Imagens de satélite mostram destruição no complexo nuclear de Natanz
Imagem: Reprodução/X

Parte principal fica no subsolo

A usina possui duas construções, sendo uma subterrânea para proteção contra esse tipo de ataque. No total, a usina de Natanz possui quase 70 cascatas de centrífugas, usadas para enriquecer urânio.

Segundo Grossi, a principal planta de enriquecimento de urânio fica abaixo do solo. "Nada indica que houve um ataque físico contra a parte subterrânea", afirmou.

O diretor da AIEA também afirmou que os níveis de radiação seguem inalterados nos complexos iranianos após os ataques. Grossi revelou que a agência "está pronta para responder a qualquer emergência nuclear ou radiológica em até uma hora". O Centro de Incidentes e Emergências atua 24 horas desde o início das ofensivas.

Enriquecimento de urânio e negociações

Israel iniciou as hostilidades com o objetivo declarado de acabar com o controverso programa nuclear iraniano. Desde então, os dois países trocaram ataques.

Existem dois tipos de programas nucleares: civil e militar. Os programas civis são voltados exclusivamente para usinas nucleares, com o objetivo de gerar eletricidade, enquanto os militares têm como meta a produção de bombas atômicas.

Potências ocidentais, incluindo EUA e Israel, suspeitam que o Irã tem intenção de produzir armas nucleares. Teerã nega e afirma que se trata de um programa civil.

No entanto, o avanço nos níveis de enriquecimento de urânio do Irã pode indicar um objetivo militar, o que é motivo de preocupação. Segundo a AIEA, em 3 meses, a República Islâmica dobrou seu estoque de urânio enriquecido a 60% de pureza, chegando a um nível muito acima do necessário para produção de energia civil.

Oficialmente, Irã não possui armas nucleares. A Arms Control Association, organização norte-americana que monitora os arsenais nucleares pelo mundo desde 1971, divulga que apenas nove países possuem bombas nucleares. São eles: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

O país é o único estado não nuclear que enriquece urânio a 60%, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O país defende o direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia, e afirma que não aceitará limites nesse aspecto.

Em 2015, após anos de negociação, um acordo foi firmado entre o Irã e a comunidade internacional. Na época, o país concordou em diminuir as atividades nucleares em troca do alívio das sanções econômica impostas contra a República Islâmica.

Mas o EUA se retirou do compromisso em 2018. Em seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os EUA do compromisso e os esforços para retomar o diálogo fracassaram. Desde então o Irã se distancia do compromisso de não enriquecer urânio acima de 3,67% —o que foi fixado pelo pacto.

No início do mês, os EUA enviaram uma proposta de acordo sobre o programa nuclear de Teerã. Segundo o New York Times, a proposta pede que o Irã interrompa completamente o enriquecimento de urânio e propõe a criação de um grupo regional para produzir energia nuclear, que incluiria Irã, Arábia Saudita e outros países árabes, além dos Estados Unidos. Sexta-feira, Trump afirmou que foi dado ao Irã um ultimato de 60 dias para um acordo nuclear antes dos ataques de Israel, que aconteceram no 61º dia.

Israel considera a República Islâmica uma ameaça existencial. Segundo o Exército israelense, informações de inteligência indicam que o Irã está se aproximando de um "ponto de não retorno" em seu programa nuclear.

Trump afirmou que o Irã deve fechar o acordo para que o "massacre" acabe. "Já houve grande morte e destruição, mas ainda há tempo para que esse massacre, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais, chegue ao fim", disse Trump em publicação no Truth Social.

O presidente dos EUA chegou a escrever em tom ameaçador: "Chega de morte, chega de destruição, simplesmente façam, antes que seja tarde demais".

(Com AFP, DW, ONU News e Reuters)