De CEO da Renault a diretor do grupo de luxo Kering: a surpreendente virada de Luca de Meo
O grupo Kering, um dos maiores conglomerados de luxo do mundo, confirmou nesta segunda-feira (16) a contratação de Luca de Meo, ex-CEO da Renault. Após reerguer a montadora francesa, o executivo italiano terá pela frente o desafio a salvar a performance do grupo, que sofre com uma queda acentuada, ancorada pelo fraco desempenho da Gucci, sua locomotiva histórica.
Luca de Meo, o bem-sucedido CEO da Renault, foi nomeado por François-Henri Pinault, presidente da Kering, para aplicar sua fórmula no grupo de luxo. O executivo, que já havia trabalhado para a Fiat e a Seat, assumiu o comando da Renault em 2020, quando a montadora enfrentava uma grave crise de vendas e de imagem, na esteira dos escândalos envolvendo o executivo franco-líbano-brasileiro Carlos Ghosn.
Durante cinco anos, o italiano implementou uma estratégia apelidada de "Renaulution": acelerou a transição para a fabricação de veículos elétricos, lançou novos modelos e impulsionou campanhas publicitárias que conseguiram, em pouco tempo, recuperar o prestígio da marca francesa.
Agora, François-Henri Pinault espera que esse exímio comunicador e especialista em marketing consiga repetir a proeza em seu grupo de luxo. Em um setor conhecido por seus resultados quase sempre em alta, a Kering, que reúne marcas de prestígio como Saint Laurent, Alexander McQueen, Bottega Veneta e Balenciaga, vem registrando uma queda vertiginosa nos últimos anos.
Vendas da Gucci em queda
As vendas da Gucci, sua principal marca, caíram 12% em 2024. A grife italiana, que emprega 47 mil pessoas, representa 44% das vendas da Kering e teve um sucesso estrondoso sob a direção artística do italiano Alessandro Michele, entre 2015 e 2022, com um estilo barroco e repleto de referências. No entanto, como tudo na moda, seus bordados e brocados perderam espaço ? inclusive nos indispensáveis mercados emergentes, como o chinês.
Além disso, o contexto econômico global incerto, que também afetou o setor de luxo, respingou nas demais marcas do grupo ? com exceção da Bottega Veneta ? e, desde então, o principal concorrente do grupo LVMH, líder mundial do setor, tenta se recuperar. O estilista georgiano Demna, que também contribuiu para o sucesso recente da Balenciaga, chegou a ser nomeado novo diretor criativo da Gucci, em março. Mas ainda não apresentou sua primeira coleção.
De Meo assume o cargo de diretor-geral do grupo, enquanto François-Henri Pinault permanece na presidência. Ele substitui Francesca Bellettini e Jean-Marc Duplaix, que codirigiam a gigante do luxo desde 2023.
"Após vinte anos transformando a Kering em um importante player global do luxo, o grupo está pronto para uma nova fase de desenvolvimento. A partir de 2023, iniciei uma revisão da governança do grupo. Foi nesse contexto que conheci Luca de Meo", declarou François-Henri Pinault em comunicado à imprensa.
(Com agências)