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Brigadeiro contradiz general sobre prisão de Bolsonaro e critica almirante

do UOL

Do UOL, em Brasíiia

21/05/2025 12h36Atualizada em 03/06/2025 15h13

O brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-chefe da FAB (Força Aérea Brasileira) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), contradisse o ex-comandante do Exército Freire Gomes em depoimento nesta manhã ao STF (Supremo Tribunal Federal).

O que aconteceu

Baptista Júnior confirmou a reunião em que se tratou sobre golpe. Ele conta que, inicialmente, os comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, discutiam a possibilidade de GLO (Garantia da Lei e da Ordem, com presença do Exército nas ruas) para evitar uma crise social, enquanto havia os acampamentos em frente aos quartéis-generais pelo Brasil e uma greve de caminhoneiros.

Preocupação sobre golpe. Mas, depois, ele se deu conta de que Bolsonaro mirava outro objetivo. "A partir de um momento, comecei a achar que o objetivo de qualquer medida de exceção era, sim, para não haver assunção do presidente que foi eleito. A partir desse momento, fiquei muito preocupado", afirma.

Ele narrou a hipótese de prisão mencionada pelo general Freire Gomes de forma diferente. "Não é uma coisa simples se esquecer do general tratando de uma hipótese de prisão. Não foi ordem de prisão como vi na imprensa, foi hipótese. A minha palavra eu mantenho: por educação, ele disse ao presidente que por hipótese teria que prendê-lo."

Em depoimento na segunda-feira, Freire Gomes apresentou versão diferente. Em seu depoimento, general foi mais ameno e disse que teria alertado o presidente que ele poderia ser "enquadrado juridicamente" se insistisse em algumas teses que saíam do "aspecto jurídico".

Ele também confirmou que o almirante Garnier, então comandante da Marinha, se colocou à disposição do presidente. "Eu tenho uma visão muito passiva do almirante Garnier. Em uma dessas reuniões, chegou o ponto em que ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente."

Golpe não se concretizou por falta de concordância das Forças Armadas. O brigadeiro disse que não houve golpe porque "não houve participação unânime das Forças Armadas".

Ele disse que soube que o general Braga Netto foi um dos que fizeram ataques após suas declarações. "Não só à minha pessoa, mas à minha família, o que foi muito difiícil e ainda tem sido muito difícil porque tem muita gente insana."

Ex-comandante da FAB também rebateu tese bolsonarista. Em seu depoimento, ele relatou que participou de diversas reuniões com Bolsonaro com os comandantes das demais Forças Armadas e o ministro da Defesa e deixou claro que, na reunião do dia 14 de novembro, eles trataram mais do que apenas de "possibilidades jurídicas". O ex-presidente tem afirmado que discutiu "hipóteses" com os comandantes.

A reunião abordava possibilidades jurídicas, temos conhecimento jurídico suficiente para abordar um tema inicialmente sobre GLO, mas a reunião, o objetivo não era só esse. O objetivo sempre foi uma análise de conjuntura, preocupações com acampamentos, problemas com caminhoneiros. Isso foi num crescente como disse, começou com GLO, e passou a se discutir estado de defesa.

O general Freire Gomes é uma pessoa educada, logicamente que ele não falou essa frase com agressividade com o presidente da República. Falou com muita tranquilidade, com muita calma, ele colocou isso. Eu vi a discordância entre o que ele falou e o que eu estou falando.

As palavras do Bolsonaro na frente do Alvorada de que as Forças Armadas iriam para onde o povo mandasse, que estávamos em uma encruzilhada, também não tinham me deixado desconfortável.

Começamos a imaginar que os objetivos políticos de uma medida de exceção não eram para garantir a paz social até o dia 1º de janeiro. Não foi uma resposta a uma colocação do presidente de que faria um golpe, mas no âmbito dessa discussão de implementação de um estado de exceção.
Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-chefe da FAB, em depoimento ao STF

Militar foi como testemunha. As audiências integram a ação penal sobre tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após perder as eleições em 2022. O ex-comandante da FAB foi a última das testemunhas da acusação a ser ouvida. A partir de amanhã, o STF ouve as testemunhas das defesas.

Moraes conduziu depoimento. O relator do processo no Supremo, Alexandre de Moraes, conduz o depoimento. Normalmente, isso costuma ser feito por juízes auxiliares, mas ele já tinha estado à frente no primeiro dia de oitivas. Diferentemente da primeira audiência, porém, o ministro não deu bronca na testemunha e não cortou o microfone de nenhum advogado, mas intercedeu quando a defesa de Almir Garnier insistiu em perguntas repetitivas.

Participação de ministros do STF. Cármen Lúcia e Luiz Fux, que integram a Primeira Turma, onde corre a ação penal, também acompanham a audiência. Fux fez perguntas ao final.

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