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Professor: 'Trump não cita racismo nos EUA, mas se mete na África do Sul'

do UOL

Do UOL, em São Paulo

21/05/2025 19h13

O presidente Donald Trump deixou de falar sobre o racismo estrutural existente nos Estados Unidos e optou por se intrometer em questões internas da África do Sul, ao confrontar publicamente o líder local Cyril Ramaphosa, avaliou o professor Beto Vasques, da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL.

De novo, em vez de ele falar sobre o racismo estrutural norte-americano —por que o país dele tem um movimento chamado 'Vidas Pretas Importam'?—, para quê ele vai se intrometer num país alheio?

Ele [Trump] foi eleito para resolver os problemas americanos, mas prefere ficar se metendo em outros países, não para resolver, mas para causar confusão com barbaridades desse nível. Beto Vasques, professor da FESPSP

Trump recebeu hoje o presidente sul-africano na Casa Branca, sede oficial do governo americano em Washington (EUA). Na ocasião, o republicano exibiu, sem dados ou qualquer evidência, um vídeo que supostamente apontaria para um genocídio de brancos na África do Sul e cobrou "explicações".

Ramaphosa permaneceu sentado e sem expressão enquanto o vídeo era exibido. O presidente sul-africano disse que não tinha visto isso antes e que gostaria de descobrir qual era o local.

Eu acho que é a dose diária do radicalismo/extremismo do Trump. Seja a carniça para alimentar sua matilha, aquelas pessoas que cumprem os diversos papéis, quando o Trump fala essas barbaridades, ao mesmo tempo que funciona de cortina de fumaça para alguma coisa que ele não esteja disposto a discutir. Ou uma forma de chocar o mundo para ir anestesiando a audiência para as barbaridades vindo fazer o que ele vai fazer.

A gente viu isso em escala doméstica com os quatro anos do Bolsonaro e agora vê o Trump fazendo isso em escala global. Beto Vasques, professor da FESPSP

Governo Trump: 'Não há racismo estrutural nos EUA'

Numa carta escrita pelo Escritório para Direitos Civis do Departamento de Educação dos EUA, no dia 14 de fevereiro de 2025, o governo de Donald Trump considerou que não existe racismo estrutural no país e alertou que a discriminação é, de fato, cometida contra brancos.

Na ocasião, ordens claras foram dadas a todas as universidades e institutos de ensino do país, detalhando a obrigatoriedade para que qualquer programa de diversidade fosse desmontado, sob o risco de que recursos bilionários do governo federal desaparecessem.

Nos últimos anos, as instituições educacionais americanas têm discriminado os alunos com base na raça, inclusive os alunos brancos e asiáticos, muitos dos quais vêm de origens desfavorecidas e de famílias de baixa renda. A adoção por essas instituições de preferências raciais generalizadas e repugnantes e de outras formas de discriminação racial se espalhou por todas as facetas do meio acadêmico.

As instituições de ensino doutrinaram toxicamente os alunos com a falsa premissa de que os Estados Unidos foram construídos com base no 'racismo sistêmico e estrutural' e em políticas e práticas discriminatórias avançadas. Trecho da carta obtida pelo UOL

África do Sul e o Apartheid

O país enfrentou o chamado Apartheid, um regime político de segregação racial institucionalizada que vigorou oficialmente na África do Sul de 1948 a 1994.

Esse regime foi implementado pelo PN (Partido Nacional), um partido de extrema-direita, e se baseava numa legislação segregacionista. O objetivo era promover uma série de privilégios para a parcela branca da população. Os negros sul-africanos não podiam, por exemplo, votar, casar com pessoas brancas ou ocupar cargos políticos relevantes.

Havia ainda uma separação racial total em bairros, escolas, hospitais, transportes, banheiros, praias, entre outros locais públicos.

Sakamoto: 'Punição a Moraes pode se voltar contra bolsonarismo em 2026'

No UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto afirmou que uma eventual punição de Trump ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pode se voltar contra o próprio bolsonarismo nas eleições do ano que vem.

O grande problema é que, se você faz uma punição ao ministro da Suprema Corte do Brasil, que pode existir —não estou falando que é blefe, não—, vai ser usado eleitoralmente contra o candidato bolsonarista. Não tenha dúvida nenhuma disso. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Nesta quarta-feira (21), o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o ministro do STF pode sofrer sanções nos EUA. Foi a primeira vez que o governo Trump citou uma possível punição contra Moraes.

O descontentamento com decisões do ministro (principalmente contra políticos e bolsonaristas) motivou apelos por sanções internacionais nos EUA, com base em uma lei americana. A Lei Magnitsky ganhou destaque no debate público após ser apontada por críticos de Alexandre de Moraes como possível base legal para sanções contra o ministro nos EUA.

Assista ao trecho no vídeo abaixo:

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Veja a íntegra do programa:

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