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INSS quer biometria para consignados, mas PF apura 3.000 fraudes no sistema

Portal Gov.br acessado pelo celular: PF investiga até 3.000 fraudes no reconhecimento facial da plataforma - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Portal Gov.br acessado pelo celular: PF investiga até 3.000 fraudes no reconhecimento facial da plataforma Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
do UOL

Do UOL, em São Paulo

21/05/2025 05h30

Seis dias depois de a Polícia Federal deflagrar uma operação contra fraudes na biometria de até 3.000 contas do portal Gov.br, o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) decidiu que aposentados e pensionistas só poderão contratar empréstimo consignado se utilizar biometria no aplicativo do instituto, o Meu INSS, parte integral do portal Gov.br.

O que aconteceu

A partir de sexta (23), quem precisar de consignado terá de usar a biometria. Com a mudança, o INSS pretende "mapear as vulnerabilidades" desse tipo de empréstimo e "implementar medidas corretivas" para garantir "maior segurança" à concessão do consignado, escreve o presidente do instituto, Gilberto Waller Junior, no despacho publicado no Diário Oficial da União na segunda-feira (19).

A exigência atende a um alerta do TCU (Tribunal de Contas da União). Só em 2023, o tribunal registrou 35 mil reclamações de empréstimos consignados concedidos sem a solicitação do aposentado ou pensionista.

O próprio presidente do INSS suspendeu os consignados no último dia 8. Por esse motivo, aqueles que validarem a biometria a partir de sexta só poderão contratar o empréstimo quando eles forem autorizados novamente. Sem a biometria, nenhum consignado será concedido após a liberação dos empréstimos, ainda sem data.

A partir do dia 23 de maio de 2025, todos os desbloqueios para averbação de novos empréstimos consignados somente poderão ser realizados com a biometria na plataforma Meu INSS [aplicativo].
Trecho do despacho

Biometria corrompida

agora da para pagar com o rosto! conheça a biometria facial - Reprodução - Reprodução
É com ajuda da biometria que o brasileiro pode utilizar os milhares de serviços oferecidos pela plataforma Gov.br
Imagem: Reprodução

A medida ocorre seis dias após uma operação da PF que investiga 3.000 fraudes em biometria do governo. A PF chegou a esse número após receber denúncias do Ministério da Gestão sobre seis contas fraudadas na plataforma Gov.br. Ao apurar as suspeitas, a PF percebeu que mais contas foram corrompidas e que os fraudadores utilizaram técnicas avançadas para burlar o "livenesses", o mecanismo de reconhecimento facial da plataforma, a principal ferramenta do governo para o acesso online a diversos serviços públicos.

O grupo atuava contra beneficiários vivos e mortos. Na conta dos vivos, ele acessava o Meu INSS justamente para autorizar empréstimo consignado. Os fraudadores também sacavam o dinheiro que as famílias de pessoas falecidas tinham para resgatar no Banco Central.

Técnica empregada é de ponta, segundo a PF. A tecnologia utilizada pelos suspeitos permitiu reproduzir um percentual de semelhança suficiente para enganar a biometria do governo, que utiliza a base de dados da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Registrem Boletim de Ocorrência"

Questionado sobre a burla no sistema de biometria que será adotado para empréstimo consignado, o INSS não respondeu.

Já o Ministério da Gestão disse que a plataforma é "segura". A pasta diz que monitora a plataforma 24h por dia e compartilha com a PF os acessos identificados com "um comportamento suspeito". "O Gov.br é uma plataforma segura, robusta e que simplifica a vida dos cidadãos, pois possui mais 167 milhões de usuários", diz em nota.

A pasta recomenda a verificação de identidade em duas etapas no app. Já a solução 'gestão de dispositivos' "possibilita ao usuário identificar o local e o dispositivo utilizado para acessar a conta", afirma. "Todas as informações de acessos e atendimentos são registradas na plataforma."

Se houver desconfiança de fraude, a pasta pede para registrar Boletim de Ocorrência. Esse registro autoriza a polícia a acessar o histórico de acessos à plataforma, "permitindo a verificação da legitimidade das ações pelas partes envolvidas". Os usuários também podem tirar dúvidas sobre o Gov.br no site gov.br/atendimento.

A plataforma possui diversas tecnologias e processos de monitoramento que permitem a segurança dos ambientes tecnológicos, garantindo a prestação dos serviços e a privacidade dos usuários.
Ministério da Gestão, em nota

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