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Família paga, mas corpo de brasileira segue retido na Espanha: 'Uma luta'

Mirian Oliveira Barbosa - Cedido ao UOL
Mirian Oliveira Barbosa Imagem: Cedido ao UOL
do UOL

Do UOL, em São Paulo

20/05/2025 14h27Atualizada em 21/05/2025 18h21

A família de Mirian Oliveira Barbosa, morta pelo marido no mês passado, na Espanha, conseguiu o dinheiro necessário para fazer o translado do corpo dela. Porém, eles reclamam que o governo brasileiro não presta a assistência consular para que o corpo seja liberado.

O que aconteceu

Atestado de óbito ainda não foi enviado, afirma irmã da vítima. "Procuramos a funerária na quinta-feira, e eles disseram que iriam entrar em contato com o governo, mas eles não tiveram resposta até agora", conta Marina Barbosa.

Diante da suposta falta de resposta, família buscou governo por conta própria. Marina diz que ela, outros familiares e um advogado entraram em contato com os consulados do Brasil em Madri e em Barcelona, mas também sem retorno.

Corpo foi liberado pelo IML na terça-feira (13). No mesmo dia, família conseguiu arrecadar R$ 40 mil por meio de uma "vaquinha" online.

Estamos desolados, desabafa Marina. "Já foi uma luta para conseguir o dinheiro. Agora, esse problema por causa do atestado de óbito. Todo dia uma coisa diferente. Já vai para quase um mês que tudo aconteceu. A gente não está vivendo o luto, é uma luta diária", afirma.

Itamaraty afirma que presta assistência à família. Procurado pelo UOL, o Ministério das Relações Exteriores disse que orienta os familiares sobre os trâmites para repatriação e obtenção do registro de óbito.

A pasta voltou a afirmar que não pode custear o translado do corpo. Segundo a chancelaria brasileira, o atestado de óbito é emitido após o fim dos trâmites obrigatórios das autoridades locais.

Na semana passada, a chancelaria brasileira citou o atestado de óbito como um dos documentos que poderiam ser emitidos pelo governo. "As embaixadas e consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais", explicou, em nota enviada à reportagem.

Entenda o caso

Mirian, de 36 anos, foi morta pelo marido na cidade espanhola de Haro. Ela foi esfaqueada no pescoço em 25 de abril, segundo a polícia local.

Marido, de 42 anos, foi preso cerca de uma hora após o assassinato. Ele premeditou o crime, aponta a investigação.

O casal, brasileiro, buscava melhores condições de vida. Eles haviam se mudado uma semana antes de uma quitinete para a casa de uma das irmãs da vítima. Os dois deixaram São Paulo há um ano em direção à cidade na província de La Rioja em busca de melhores condições de vida.

Crime ocorreu dias após Mirian dizer ao marido que não queria manter o relacionamento. "Ela ligou para mim nervosa, falando que ele tinha batido nela. No dia da morte, ela me mandou uma mensagem dizendo que ia terminar definitivamente com ele", contou ao UOL Marina Barbosa, irmã que mora em São Paulo.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

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