Após conversa com Putin, Trump diz que Rússia e Ucrânia começarão negociações para cessar-fogo
O presidente americano, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (19) que a Rússia e a Ucrânia vão começar a dialogar para realizar uma pausa "imediata" no conflito. As declarações foram feitas após uma conversa telefônica com o presidente russo, Vladimir Putin.
"Rússia e Ucrânia começarão imediatamente negociações para um cessar-fogo e, mais importante ainda, o FIM da guerra", publicou Trump em sua plataforma Truth Social. Segundo o líder republicano, o "tom e o espírito da conversa foram excelentes" com o chefe do Kremlin. "Que o processo comece!", acrescentou.
Já o presidente russo classificou o telefonema de "útil". À imprensa estatal, ele reiterou que a Rússia está disposta a trabalhar com a Ucrânia em um "memorando" sobre um "possível tratado de paz". Putin também ressaltou a necessidade de "encontrar compromissos" entre as duas partes do conflito.
Logo após as primeiras notícias sobre a ligação telefônica entre os dois líderes serem divulgadas, uma enxurrada de reações internacionais foi registrada. A primeira delas veio da Ucrânia: um importante membro do governo afirmou que antes de falar com Putin Trump havia conversado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O telefonema foi breve "entre 10 e 15 minutos", indicou a fonte de Kiev sem se identificar. Na conversa, Zelensky teria pedido para o presidente americano impor novas sanções contra Moscou em caso de recusa da trégua proposta por Washington e apoiada pela Ucrânia.
Trump confirmou a informação e ainda indicou ter conversado diversos dirigentes europeus sobre o conteúdo da ligação a Putin. Segundo o magnata, o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni e o presidente finlandês, Alexander Stubb participaram do telefonema conjunto. O chefe da Casa Branca também afirmou que o Vaticano está disposto a sediar as negociações entre Rússia e Ucrânia.
Os principais aliados de Kiev na Europa também anunciaram que entraram em acordo para "intensificar a pressão" sobre Moscou. Segundo o resumo oficial da conversa entre Trump e representantes, divulgado pela Alemanha, as sanções contra a Rússia serão reforçadas.
Primeiras negociações fracassaram
Os primeiros diálogos de paz entre ucranianos e russos na última sexta-feira (16) em Istambul - as primeiras desde 2022 - não resultaram no cessar-fogo exigido pela Ucrânia e seus aliados. No campo de batalha, os ataques continuaram no fim de semana. Segundo Kiev, a Rússia enviou, na madrugada domingo (18), um número "recorde" de mais de 270 drones explosivos.
Nesta segunda-feira, Putin afirmou, no entanto, que as discussões com a Ucrânia "tomam o bom caminho". "A questão, claro, é que as partes russa e ucraniana demonstrem o máximo de vontade em prol da paz e encontrem compromissos que satisfaçam todos os lados", reiterou.
Já Zelensky expressou sua disposição por um cessar-fogo "completo e incondicional" de 30 dias. Para ele, esse período é "suficientemente longo" para negociações e com "a possibilidade de uma prolongação".
Até agora, o presidente russo rejeitou todos os pedidos de Kiev por uma trégua antes do início das negociações. Moscou alegava que uma pausa nos combates permitiria às forças ucranianas se rearmarem com a ajuda militar ocidental.
Resta saber se Putin abrirá mão de exigências como a "desmilitarização" da Ucrânia e o abandono do projeto de Kiev de integrar a Otan, que o presidente russo considera uma ameaça para seu país.
Antes da conversa entre Trump e Putin, nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse esperar um trabalho "árduo" e "possivelmente longo" para a resolução do conflito.
(Com informações da AFP)