Gripe aviária: Como embargos podem mudar o preço dos ovos no Brasil
Os embargos às exportações em decorrência da gripe aviária atingem também os ovos, um dos recentes vilões da inflação. Com o aumento da disponibilidade no mercado interno, os produtos podem chegar mais baratos aos consumidores brasileiros.
O que aconteceu
Cenário abre caminho para redução de preço no curto prazo. Com a presença maior de ovos no Brasil, o produto tende a aparecer nas prateleiras mais barato em breve, segundo Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo).
Alívio no bolso depende da estabilidade do contágio. Um eventual avanço da doença e a consequente redução na produção poderia até mesmo fazer os preços subirem. No entanto, para o professor de economia do IBMEC José Ronaldo, esta possibilidade é reduzida. "Eu acredito que não haverá grande impacto, porque o frango usado para abate é diferente daquele destinado à produção de ovos", avalia.
Com contaminação controlada, leve queda no preço pode acontecer já na próxima semana. Esta é a avaliação de Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios. Ele explica que como a gripe aviária atingiu somente um criadouro até o momento, a granja tem capacidade de rastrear e destruir os produtos possivelmente contaminados. "Como os animais foram abatidos e os ovos monitorados, a destruição desse lote é um problema muito pontual", diz.
Gripe aviária restringe saída de frango e ovos para fora do Brasil. O caso registrado em uma granja no Rio Grande do Sul resultou no banimento temporário das compras das proteínas nacionais por alguns dos principais consumidores. China, União Europeia, Argentina, Uruguai, Chile, México, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Filipinas integram a lista de restrições.
Embargos atingem consumidores dos ovos brasileiros. Em abril, a exportação de 4.300 toneladas de ovos teve o Japão (371 toneladas), o México (242 toneladas), o Chile (638 toneladas), o Uruguai (83 toneladas) e a União Europeia (22 toneladas) entre os principais importadores, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Líder das compras, com 2.800 toneladas adquiridas, os EUA ainda não aderiram à suspensão.
Ovo é um dos vilões recentes da inflação brasileira. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o preço do ovo de galinha disparou 9,62% neste ano. A variação é quase quatro vezes superior à alta de 2,46% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no mesmo período. No acumulado dos últimos 12 meses, o preço do ovo subiu 12,32%, enquanto o índice geral avançou 5,53%.
Gripe aviária não é transmitida a partir do consumo. O risco de contágio é apenas relacionado ao contato com as aves, sem efeito para os consumidores de frango e ovos cozidos. "O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas", afirma o Ministério da Agricultura.
Governo de Minas Gerais destruiu 450 toneladas de ovos férteis. Não destinados para o consumo, os produtos com embriões em desenvolvimento também tiveram a exportação banida pelos países. Os ovos descartados seriam destinados para incubação e criação de aves, sem a possibilidade de alterar a oferta ou os preços ao consumidor.
Gripe aviária
Caso isolado da doença foi detectado em Montenegro (RS). A confirmação representa o primeiro registro da presença do vírus na avicultura comercial brasileira. O Ministério da Agricultura destaca que a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) circula desde 2006, principalmente na Ásia, África e no Norte da Europa.
Estado de emergência é válido pelo prazo de 60 dias. Segundo o Ministério da Agricultura, foram adotadas medidas de bloqueio de 10 km ao redor da área onde o caso foi identificado. Para o cumprimento do protocolo, foram interrompidas as exportações oriundas do Rio Grande do Sul.
Países suspenderam a importação do frango brasileiro. A ação foi liderada pela China e pela União Europeia, os dois maiores consumidores da carne de frango do Brasil. Argentina, Uruguai, Chile e México também suspenderam as compras da proteína com origem no território nacional.
Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Com 35,4% da produção dedicada ao mercado externo, o volume de embarques da proteína foi de 5,3 milhões de toneladas no ano passado. A destinação para 151 países totalizou US$ 9,9 bilhões, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).