Como PMEs podem usar as redes sociais para ganhar mais dinheiro

Saber usar as redes sociais pode fazer com que pequenas e médias empresas lucrem mais. O UOL Economia conversou com especialistas que explicaram o que fazer para se dar bem nessas plataformas - e também o que evitar.
O que fazer
Identifique primeiro seu público e qual rede social é mais indicada. Adriane Buarque de Holanda, professora de publicidade na ESPM, entende que nesta análise é preciso avaliar o comportamento do consumidor. "Há toda uma questão estratégica do uso, que começa com a escolha das redes: quais redes sociais o público-alvo — o cliente — está presente? Não adianta usar todas as redes, porque na maioria das vezes o público não está em todas", diz.
Revise informações básicas. Ao lado do nome do perfil do Instagram é indicado colocar uma palavra-chave com a área de atuação da empresa ou do profissional. Já na "bio" o recomendado é fazer uma descrição direta do serviço prestado, na qual sejam apresentados o ramo de atuação e algum dado importante da empresa, como o tempo em que se está no mercado. Isso facilita as buscas no Instagram. Também indique a localização da empresa ou onde o profissional está situado - e, caso tenha loja física, coloque o dia e o horário de funcionamento, recomenda Giulia Silvestre, CEO da Plural. Ela será palestrante na FBV (Feira Brasileira do Varejo) a ser realizada nesta semana, no RS.
A falta de informações no perfil atrapalha nas vendas. Se não há as informações ou se eu precisar procurar demais por uma informação, eu já vou procurar outro. Quando não se tem um perfil bem estruturado, está se perdendo vendas.
Giulia Silvestre, CEO da Plural
Poste um "carrossel tudão". O carrossel é uma publicação no Instagram que permite agrupar até 20 fotos ou vídeos. A sugestão é usar essa funcionalidade como um post fixado, com mais detalhes sobre a empresa ou o serviço prestado. O "carrossel tudão" será praticamente o cartão de visitas do perfil, como se fosse um "comece por aqui". "Ali vai ter o que a empresa vende ou serviços prestados, onde está, quem atendeu, nomes de clientes e quantidade de clientes. Também vai ter feedbacks e como faz para contratar. Eu chamo de carrossel tudão porque é um compilado, é quase um resumo de uma apresentação institucional, que todo o perfil poderia ter e tira muitas dúvidas", observa Silvestre.
Faça publicações periódicas. No Instagram o recomendado é postar conteúdo pelo menos três vezes na semana, indica a professora de publicidade da ESPM. "Senão o algoritmo deixa de entregar e acaba perdendo seguidores." A ideia é não desaparecer das redes sociais. "Ficar uma ou duas semanas sem postar nada é um grande tiro no pé, que muita gente vai entrar no perfil e dizer: 'essa empresa não existe mais'. Hoje em dia é muito rápido: se não vê post naquela semana, esquece daquele negócio. Para ter negócio de sucesso no Instagram, a gente tem que estar constante", observa a CEO da Plural.
Crie um cronograma para as publicações. A ideia é organizar onde, quando e o que vai ser compartilhado nas redes sociais. "É importante ter planejamento de ações de redes sociais. Por quê? Redes sociais é relacionamento. E como eu crio relacionamento com meus potenciais clientes? É tendo uma programação. Se eu utilizo minha rede social de vez em quando, não tenho planejamento, é mais difícil ter relacionamento", entende Gabriela Colombo, analista do Sebrae RS com foco em atendimento especializado ao pequeno negócio.
Interaja com os seguidores. De nada adianta postar com frequência se os seguidores são ignorados ao fazer comentários em publicações da marca, observa Silvestre. "Esse é o maior erro. Às vezes, vejo o perfil produzindo conteúdos estratégicos, mas não responde a comentários ou no direct. Hoje é muito raro um cliente comentar num post de uma marca. Se ele não recebe retorno, a chance de não comentar de novo é muito baixa. E não são 100 comentários, às vezes são três comentários para responder. Quando as marcas não respondem, não entendem que isso é tão importante quanto postar, elas perdem muito, o trabalho todo vai para o ralo. A rede social é de interação, se a gente não interage, a gente não está fazendo com o que a rede espera que a gente faça", explica a CEO da Plural.
Explore todos os recursos das plataformas. "Se quiser ampliar vendas, não use só os stories do Instagram. No feed você fala com todo mundo da rede, já os stories fala só com a conexão. Tem que usar os dois", diz a professora da ESPM.
Procure nano influenciadores, com até 10 mil seguidores. Em muitos casos, os nano influenciadores aceitam uma permuta ou cobram valores mais acessíveis. "Dessa forma, o micro e pequeno empresário vai falar com a comunidade do influenciador e também com a dele. É uma estratégica orgânica com pouco investimento", observa De Holanda. Mas antes analise qual influencer tem mais conexão com a marca e possa falar com seu público - neste mapeamento pode ser avaliado inclusive o tom da voz do influenciador que pode - ou não - ser adequado para aquela empresa. "Veja com quem ele já trabalhou, as postagens, o conteúdo que ele abordou durante as postagens, a qualidade da entrega do vídeo". A professora da ESPM recomenda pedir o mídia kit do influenciador, no qual vão estar reunidas informações como suas redes sociais, público, métricas e potencial de parceria para marcas e anunciantes.
Cuide ao levar o mesmo conteúdo para outras plataformas. No TikTok, por exemplo, a recomendação é criar conteúdo nativo, que seja relevante, personalizado e que se integre ao ambiente da plataforma. "O grande erro que as pessoas cometem é pegar conteúdo que fizeram para outra plataforma e colocar no TikTok. E daí tira a conclusão precipitada de que: 'não tive o resultado que queria'. Mas você postou um vídeo na horizontal, sendo que na plataforma os vídeos são verticais. (Postou) Um vídeo sem som, sendo que no TikTok você precisa ter som por ser uma plataforma de entretenimento. Você precisa ter o som para que você possa ter essa experiência imersiva, não apenas do vídeo", observa Silvia Belluzzo, diretora de marketing de negócios para PMEs na América Latina no TikTok.
Aposte nas hashtags. No TikTok é possível verificar pelo serviço "Creative Center" quais são as hashtags que estão sendo mais utilizadas no momento - é possível selecionar um período específico.
O TikTok cada vez mais tem se tornado uma plataforma de buscas e um lugar de descobertas. Então o pequeno empreendedor que entra na plataforma e não sabe muito bem como vai conectar seu produto à comunidade, ele pode através das hashtags encontrar conteúdo e nisso entender como a comunidade dele se conecta, o tom de voz, formato de narrativa e entender o que está em alta. O TikTok é um lugar onde as tendências nascem.
Silvia Belluzzo, diretora de marketing de negócios para PMEs na América Latina no TikTok.
Avalie fazer tráfego pago. Hoje, há dois tipos de tráfego nas redes sociais: o orgânico e o pago. O primeiro ocorre quando as pessoas encontram o perfil de forma "natural", sem a necessidade de investimentos. Já o pago requer o desembolso de valores. No tráfego pago estão publicações patrocinadas, por exemplo. Entre MEIs e micro empresários, ainda é difícil de ocorrer tráfego pago, observa a analista do Sebrae RS. "(Nelas) Não se têm essa visão que o tráfego pago, o anúncio, é benéfico e que é um investimento para as vendas. O tráfego pago tem diversas estratégias: pode fazer impulsionamento para atrair pessoas para sua rede social, para a venda direta, que normalmente é focado numa venda. O objetivo é sempre atrair pessoas para fechar a venda", explica Colombo.
É importante que além de um perfil bem estruturado, tenha produção de conteúdo que seja constante e que seja estratégica, que seja aquilo que o cliente quer consumir, mas que não seja só de vendas. É muito chato seguir perfil que só vende, a gente tem que ter um equilíbrio. Eu gosto de trabalhar com perfis que tenham conteúdos que educam, que vão ajudar a pessoa a consumir o meu conteúdo, conteúdos que são expressionais, conteúdos de entretenimento, e aí também conteúdos de vendas. Giulia Silvestre, CEO da Plural e palestrante na FBV