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Sem líderes, Rússia e Ucrânia retomam negociações de paz em Istambul

Segundo dia de negociações entre Rússia e Ucrânia começa em Istambul sem a presença de Putin e Zelensky; ausência de líderes e comitiva russa de baixo escalão aumentam o ceticismo sobre avanços. - Gavriil GRIGOROV e Nhac NGUYEN / várias fontes / AFP
Segundo dia de negociações entre Rússia e Ucrânia começa em Istambul sem a presença de Putin e Zelensky; ausência de líderes e comitiva russa de baixo escalão aumentam o ceticismo sobre avanços. Imagem: Gavriil GRIGOROV e Nhac NGUYEN / várias fontes / AFP
do UOL

16/05/2025 08h09

Sem as presenças dos presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, as delegações da Rússia e da Ucrânia retomaram nesta sexta-feira (16) as negociações de paz em Istambul, na Turquia, mais de três anos após o início da guerra.

O que aconteceu

Zelensky desistiu de participar após confirmar que Putin não viajaria. Já o presidente russo recuou depois de ser desafiado publicamente por Zelensky a comparecer pessoalmente. As duas ausências reforçaram a percepção de que o encontro tem valor simbólico limitado.

A Rússia enviou uma equipe liderada por Vladimir Medinski, ex-ministro da Cultura e conselheiro de Putin, considerado de pouca influência. O grupo inclui apenas vice-ministros, porta-vozes e assessores — nenhum integrante de alto escalão do governo ou da diplomacia russa.

Do lado ucraniano, estão presentes o chefe do gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, e os ministros da Defesa e das Relações Exteriores. A principal exigência de Kiev é um "cessar-fogo incondicional", algo que Moscou até agora não aceita.

O encontro é mediado pelo governo turco e conta com a presença de representantes dos Estados Unidos. A mediação é feita pelo chanceler turco Hakan Fidan, com a presença do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, do embaixador americano Tom Barrack e do enviado especial para a Ucrânia, Keith Kellogg. Ao desembarcar, Rubio afirmou que não tem "grandes expectativas" e criticou o perfil da delegação russa.

O presidente dos EUA, Donald Trump, que tem pressionado diretamente por uma trégua, disse que pode viajar à Turquia se houver progresso nas negociações. "Nada vai acontecer até que eu e Putin nos encontremos", afirmou o republicano.

Clima tenso e troca de acusações

A ausência dos líderes gerou reações duras de ambos os lados. Zelensky classificou a delegação russa como "pura fachada" e afirmou que o Kremlin "não leva as negociações a sério".

Moscou rebateu com ataques pessoais. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, chamou o presidente ucraniano de "palhaço" e "fracassado".

Segundo especialistas, Putin busca somente passar a impressão de que está negociando, enquanto evita concessões reais. "Não comparecer ao encontro que ele mesmo propôs mostra que ele está procrastinando", disse François Heisbourg, consultor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

As posições de Rússia e Ucrânia seguem difíceis de conciliar. Moscou exige que Kiev abandone o plano de adesão à Otan e reconheça a anexação de territórios ucranianos. Já a Ucrânia quer garantias de segurança do Ocidente e a retirada completa das tropas russas — que hoje ocupam cerca de 20% do país.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse estar "cautelosamente otimista", mas reconheceu que "a bola está claramente no campo da Rússia" para haver algum avanço nas próximas semanas.

*Com informações das agências RFI e AFP

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