Grupo de Ásia-Pacífico destaca "desafios fundamentais" no comércio global em meio a tarifas
Por Jihoon Lee
SEOGWIPO, COREIA DO SUL (Reuters) - O grupo de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico adotou uma declaração nesta sexta-feira que cita os "desafios fundamentais" enfrentados pelo sistema de comércio global, mas não chegou a discutir uma resposta conjunta às tarifas dos Estados Unidos.
A reunião anual é o primeiro grande encontro comercial multilateral desde o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de tarifas abrangentes que atingiram mais da metade dos 21 membros do bloco com taxas de importação dos EUA acima do mínimo de 10%.
"Estamos preocupados com os desafios fundamentais enfrentados pelo sistema de comércio global", disseram os membros da Apec na declaração conjunta.
Eles também disseram que continuam comprometidos com a Apec como o principal fórum de cooperação econômica regional e em abordar os desafios econômicos enfrentados pela região da Ásia-Pacífico.
A declaração expressou apoio ao papel contínuo da Organização Mundial do Comércio, embora tenha observado suas deficiências.
"Reconhecemos a importância da OMC para o avanço das questões comerciais e reconhecemos as regras acordadas na OMC como parte integrante do sistema de comércio global."
A declaração também diz que "a OMC tem desafios e precisa de uma reforma significativa, necessária e abrangente para melhorar todas as suas funções, por meio de abordagens inovadoras, para ser mais relevante e responsiva à luz das realidades atuais".
O governo Trump vê a OMC como um órgão que permitiu que a China obtivesse uma vantagem injusta de exportação e recentemente decidiu suspender o financiamento dos EUA para a instituição.
A Apec alertou, no início da reunião, que as exportações de uma região que responde por cerca de metade do comércio mundial sofrerão forte desaceleração este ano como resultado das tarifas dos EUA.
Nesta sexta-feira, alguns diplomatas dos países membros expressaram dúvidas de que o grupo conseguiria adotar uma declaração conjunta, embora tenham dito que o ministro do Comércio da Coreia do Sul, Cheong In-kyo, havia insistido muito para obter algum consenso.
"Houve um novo ímpeto criado por meio dessas reuniões para superar uma situação difícil (...) já que a Apec insistiu em um esforço ... para romper com as incertezas que envolvem a economia global", disse Cheong em uma coletiva de imprensa.
Cheong disse que não houve nenhuma discussão "oficial" sobre uma resposta conjunta às tarifas dos EUA, apesar da pressão de alguns membros para que houvesse tais negociações.
"Do nosso ponto de vista, é difícil responder conjuntamente porque cada país está em uma situação completamente diferente", disse ele.
A Apec é um fórum econômico regional criado em 1989 para facilitar o aprofundamento dos laços na região da Ásia-Pacífico, com os Estados Unidos, a China, países da América Latina e do Sudeste Asiático, bem como Hong Kong e Taiwan, entre seus membros.
(Reportagem adicional de Ju-min Park em Seul e Liz Lee em Pequim)