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Nunes nega dispersão de usuários na 'cracolândia' e comemora ruas vazias

do UOL

Do UOL, em São Paulo

15/05/2025 10h12Atualizada em 15/05/2025 12h36

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), negou que usuários da "cracolândia", no centro da cidade, tenham se espalhado por outros bairros de São Paulo. Nunes comemorou a diminuição no número de pessoas no chamado "fluxo" da região e associou a dispersão ao aumento nos atendimentos de saúde e a ações na favela do Moinho.

O que aconteceu

Nunes diz que há motivos para comemorar. "Praticamente ninguém ali no lugar da Protestantes", disse o prefeito sobre a rua que é considerada o "fluxo" atual da "cracolândia", onde há a maior concentração de usuários de drogas da região. Segundo Nunes, a quantidade de pessoas no local diminuiu de 651 em maio de 2023 para 103 no mesmo período deste ano — os dados mais atualizados são de 5 de maio.

Para Nunes, no entanto, ainda não é possível falar em fim da "cracolândia". "O trabalho continua", afirmou. O secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, disse que se chegou a um número "mínimo" de usuários, mas destacou que ainda há pessoas nas ruas precisando de encaminhamento para serviços da prefeitura.

O prefeito afirmou que não houve espalhamento de usuários pela cidade. Apesar de relatos de dispersão de usuários por outras regiões do Centro e fora dele, o prefeito disse que essas pessoas não saíram do fluxo na rua dos Protestantes. Já costumavam, de acordo com ele, circular por vários pontos para fazer uso de drogas.

Secretaria Municipal de Saúde argumenta que não há novas "minicracolândias". Ao UOL, técnicos da pasta admitiram que há pessoas fazendo consumo de drogas em outros pontos, mas ponderaram que a única cena aberta de uso da capital é a da rua dos Protestantes. Eles explicam que há dois critérios científicos para se considerar que há uma cena aberta: ter pelo menos um grupo de 15 pessoas consumindo entorpecentes e pelo período continuado de uma semana. Só o fluxo da cracolândia se encaixaria nesses parâmetros, de acordo com os técnicos.

Nunes citou levantamento da prefeitura que aponta pelo menos 109 usuários espalhados por 32 ruas do Centro fora da "cracolândia" habitual. O prefeito deu as declarações à imprensa após visita ao Serviço de Cuidados Prolongados Álcool e Drogas (AD) Boracea, projeto para acolher e tratar usuários com dependência considerada mais grave em álcool e drogas. A prefeitura não informou dados sobre números de usuários de drogas fora do Centro.

Prefeito argumentou também que transeuntes confundem aglomerações de pessoas em situação de rua com usuários de crack. "Estão caracterizando pessoas em situação de rua como pessoas em uso de droga nas cenas abertas de uso. São perfis diferentes, públicos diferentes", afirmou. Nunes disse que equipes da prefeitura abordaram 109 usuários de drogas ontem no Centro para oferecer atendimento de saúde, mas que essas pessoas não aceitaram tratamento, e que há 29.400 vagas para acolhimento de pessoas em situação de rua em serviços da prefeitura.

Nunes atribuiu o esvaziamento da "cracolândia" ao aumento na procura por tratamento. No entanto, não citou dados sobre crescimento no número de atendimentos a usuários de drogas nos últimos dois anos. Já o secretário Zamarco informou que 47 pessoas procuraram na terça-feira o CAPs AD Redenção, especializado em acolhimento a usuários de drogas e álcool. O número seria acima da média diária de 10 atendimentos, o que mostra, segundo ele, que há mais gente procurando tratamento para a dependência.

Prefeito também disse que ações policiais na favela do Moinho ajudaram no esvaziamento da "cracolândia". Ele se referiu ao local como um "QG da droga" e afirmou que operações na região ajudaram a asfixiar a ação dos traficantes que abasteciam a "cracolândia". Lembrou da prisão de Léo do Moinho, no ano passado, em Praia Grande, no litoral paulista. Ele é suspeito de usar a favela para guardar as drogas que abasteciam a "cracolândia". Sua defesa nega as acusações.

Serviço de moto por aplicativo

O prefeito afirmou ter convicção de que reverterá decisão judicial que liberou serviços de mototáxi na cidade. "Vamos recorrer na Justiça", disse. "Há alegação não verídica das empresas com relação à lei federal. Estamos conversando com os desembargadores, apresentando os memoriais [com argumentos da prefeitura]".

Nunes criticou a decisão da Justiça e disse que deve apresentar novo recurso até amanhã. A liberação do serviço de mototáxi vai aumentar número de acidentes e mortes, segundo ele.

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