Disfarçado com máscara de R$ 1.700, advogado furta hotel de luxo no RJ
Máscara de silicone realista, terno e luvas foram os acessórios usados por um advogado criminalista para invadir e furtar um apart-hotel de alto padrão localizado no bairro de Gragoatá, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano. Segundo a Polícia Civil, ele furtou dez relógios de luxo avaliados em R$ 60 mil. A operação foi realizada nesta semana.
O que aconteceu:
O idoso que aparece nas imagens das câmeras de segurança é Luís Maurício Martins Gualda, advogado criminalista. O UOL teve acesso às imagens que mostram o furto. A ação durou cerca de 16 minutos, e o disfarce, que o deixou com a aparência completamente diferente e envelhecida, foi comprado na plataforma eBay. A máscara de silicone, projetada para permitir a respiração com facilidade, custou cerca de R$ 1.700, segundo o delegado Luis Henrique Marques, titular da 76ª DP (Niterói) e responsável pela Operação Manto de Engano.
O acessório reproduzia com precisão traços humanos. Com ele, o advogado parecia careca e tornou-se irreconhecível. Além da máscara, ele usava luvas, terno e óculos escuros. Em depoimento, Gualda afirmou ter destruído o disfarce: cortou a máscara em pedaços e descartou os fragmentos no lixo orgânico do prédio.
O furto, considerado cinematográfico pela polícia, ocorreu em fevereiro deste ano. Após as investigações, a Polícia Civil realizou, na última terça-feira (13), uma operação contra um empresário acusado de ser o mentor intelectual do crime. Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao suspeito, nos bairros de Icaraí e Itaipu.
Gualda apontou Alexandre Ceotto André, ex-candidato a vice-prefeito de Niterói, como autor intelectual e mandante do furto. As investigações indicam que o político era amigo da vítima e desconfiava da existência de cerca de US$ 1 milhão escondido no apartamento.
Ainda segundo o advogado, Alexandre foi o responsável por vender o imóvel à vítima e, por isso, conhecia bem a arquitetura do prédio. Ele teria fornecido todas as informações necessárias para que o plano fosse executado, inclusive detalhes sobre a rotina do morador, que estava viajando no dia do crime.
Os dois suspeitos foram indiciados por furto qualificado. Luís Maurício foi preso na última terça-feira (13), enquanto Ceotto segue foragido.
A Corregedoria da OAB-RJ disse ao UOL que abriu um processo disciplinar para apurar a conduta do advogado citado na reportagem. "Foi enviado também um ofício à Polícia Civil, solicitando cópia do inquérito policial que trata do caso".
Procurado, o advogado Carlos Torres, que representa a defesa técnica de Alexandre Ceotto, informou que "recebeu com muita surpresa a notícia da decretação da prisão preventiva, pois o mesmo nunca foi intimado para prestar qualquer tipo de esclarecimento no bojo da investigação e que, por tal motivo, irá utilizar todos os expedientes necessários a fim de corrigir o equívoco consistente na decretação da prisão preventiva. No mais, irá se debruçar no material que se encontra no processo para demonstrar a inocência do Sr. Alexandre Ceotto".
A reportagem tenta contato com os advogados de defesa de Luís Maurício.