Rússia condena chefe do órgão independente de fiscalização eleitoral a 5 anos de prisão
Por Mark Trevelyan
LONDRES (Reuters) - O chefe do único órgão de fiscalização eleitoral independente da Rússia foi condenado na quarta-feira a cinco anos em uma colônia penal após ser considerado culpado de trabalhar com uma "organização indesejável".
Grigory Melkonyants, copresidente do movimento Golos, foi preso em agosto de 2023. Ele se declarou inocente em seu julgamento.
Ativistas dos direitos humanos dizem que o caso contra o homem de 44 anos faz parte de uma repressão mais ampla à sociedade civil que se intensificou desde a invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022.
A agência de notícias Mediazona informou que Melkonyants convocou os apoiadores no tribunal e pediu que não ficassem desanimados com o veredicto.
A Golos, que significa tanto "voz" quanto "voto" em russo, primeiro irritou as autoridades ao divulgar evidências do que disse ser fraude em uma eleição parlamentar de 2011 que levou a protestos da oposição e, depois, na votação presidencial que garantiu Vladimir Putin no Kremlin para um terceiro mandato em 2012.
As acusações contra Melkonyants foram baseadas em seu suposto envolvimento com a Rede Europeia de Organizações de Monitoramento de Eleições (Enemo), sediada em Montenegro, que conecta os observadores dos antigos países comunistas da Europa e da Ásia Central. A Enemo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Golos diz que não teve nenhuma interação com a Enemo desde que a Rússia a baniu como "indesejável" em 2021.
"Este caso absurdo (contra Melkonyants) desafia uma explicação fácil, não apenas para os estrangeiros, mas até para nós mesmos", disse o copresidente da Golos, Stanislav Andreichuk, à Reuters.
Apesar de ter sido designada como "agente estrangeiro", a Golos continua seu trabalho na Rússia. "Mesmo que as coisas estejam ficando mais difíceis, ainda estamos fazendo o que fazemos", afirmou Andreichuk.
No ano passado, a Golos descreveu a eleição de 2024, que reconduziu Putin a um quinto mandato com mais de 88% dos votos, como a mais fraudulenta e corrupta da história do país.
O Kremlin disse que o resultado mostrou que o povo russo havia se "consolidado" em torno de Putin, e que as tentativas ocidentais de retratar a eleição como ilegítima eram absurdas.
(Reportagem de Mark Trevelyan em Londres)