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OMS alerta sobre impacto permanente da fome em geração de habitantes de Gaza

13/05/2025 10h39

Por Emma Farge

GENEBRA (Reuters) - As taxas de desnutrição estão aumentando em Gaza, os tratamentos de emergência para combatê-la estão se esgotando e a fome pode ter um impacto duradouro em "uma geração inteira", disse uma autoridade da Organização Mundial da Saúde nesta terça-feira.

Israel bloqueou os suprimentos para o enclave desde o início de março, quando retomou sua devastadora campanha militar contra o Hamas, e um monitor global da fome alertou na segunda-feira que meio milhão de pessoas enfrentam a fome.

O representante da OMS para o Território Palestino Ocupado, Rik Peeperkorn, disse ter visto crianças que pareciam anos mais jovens do que sua idade e visitou um hospital no norte de Gaza, onde mais de 20% das crianças examinadas sofriam de desnutrição aguda.

"O que vemos é uma tendência crescente de desnutrição aguda generalizada", declarou Peeperkorn em uma coletiva de imprensa por meio de um link de vídeo de Deir al-Balah. "Eu vi uma criança de cinco anos de idade e você diria que ela tinha dois anos e meio."

"Sem alimentos nutritivos suficientes, água limpa e acesso à saúde, uma geração inteira será permanentemente afetada", disse ele, alertando para o atraso no crescimento e o comprometimento do desenvolvimento cognitivo.

O chefe da agência de refugiados palestinos da ONU, Philippe Lazzarini, afirmou à BBC na terça-feira que acha que Israel está negando alimentos e ajuda a civis como arma de guerra.

Israel tem culpado repetidamente o Hamas de causar fome ao roubar a ajuda destinada aos civis. O Hamas nega a alegação.

Israel está pressionando seu próprio plano apoiado pelos EUA para levar ajuda a Gaza, que, segundo ele, eliminará o Hamas e distribuirá ajuda diretamente do que chama de locais de distribuição neutros.

A OMS criticou esse plano em um comunicado no final da segunda-feira, considerando-o "extremamente inadequado" para atender às necessidades imediatas da população.

Devido ao bloqueio, a OMS só tem estoques suficientes para tratar 500 crianças com desnutrição aguda, o que é apenas uma fração do que é necessário, disse Peeperkorn.

55 crianças já morreram de desnutrição aguda, segundo ele, citando dados do Ministério da Saúde de Gaza.

Peeperkorn afirmou ter visto muitas crianças em hospitais com doenças como gastroenterite e pneumonia que, devido à redução da imunidade ligada à fome, podem ser fatais.

"Normalmente, não se morre de fome. Você morre das doenças associadas a isso", disse ele.

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