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Fuga espetacular: trio escapou de Alcatraz usando bonecos com cabelos reais

Fugitivos fizeram bonecos para despistar - Divulgação/FBI
Fugitivos fizeram bonecos para despistar Imagem: Divulgação/FBI
do UOL

Colaboração para o UOL*

13/05/2025 05h30

O presidente Donald Trump anunciou na semana passada a reabertura e a ampliação da prisão de Alcatraz, na Califórnia. A prisão, construída na gelada baía de São Francisco, era supostamente inescapável. No entanto, uma fuga em 1962 entrou para a história —até hoje, não se sabe o paradeiro dos três detentos que conseguiram driblar a segurança do local.

A fuga

Parte do imaginário dos norte-americanos, a prisão de Alcatraz ficou ainda mais famosa em 1962. Frank Morris e os irmãos John e Clarence Anglin escaparam das dependências da penitenciária. Dos 36 presos que tentaram fugir de Alcatraz, o trio foi o único que conseguiu, de fato, deixar a ilha em que a prisão está localizada.

Alcatraz, em imagem de 2017 - Stephen Lam/REUTERS - Stephen Lam/REUTERS
Alcatraz, em imagem de 2017
Imagem: Stephen Lam/REUTERS

O trio conseguiu colocar em prática um plano que levou meses para ser executado. Segundo os relatos do FBI (sigla em inglês para Departamento Federal de Investigação), Morris e os irmãos Anglin viviam em celas próximas e se conheciam de passagens anteriores em cadeias dos EUA. "Morris, conhecido por sua inteligência, assumiu a liderança do planejamento", explica o portal do departamento.

Em junho de 1962, durante a contagem dos presos, os guardas notaram que três deles estavam desaparecidos. Nas camas, havia cabeças de boneco feitas com gesso, pintadas a tinta e com cabelo humano de verdade. As cabeças artificiais, depositadas nos travesseiros dos três presos, enganaram os guardas noturnos, que acreditavam que os detentos estavam dormindo. A prisão então foi fechada e os guardas iniciaram uma busca pelos fugitivos.

O plano

John Anglin, Clarence Anglin e Frank Morris  - Divulgação/FBI - Divulgação/FBI
John Anglin, Clarence Anglin e Frank Morris
Imagem: Divulgação/FBI

O grupo começou a trabalhar na fuga em dezembro de 1961. Usando ferramentas caseiras, construídas com materiais encontrados por eles na prisão, Morris e os irmãos Anglin soltaram as saídas de ar na parte de trás de suas celas. "Atrás das celas havia um corredor de utilidades comum e desprotegido. Eles seguiram por esse corredor e subiram até o telhado de seu bloco de celas dentro do prédio, onde montaram uma oficina secreta", explica o FBI.

Na oficina improvisada, o grupo montou o que seria necessário para fugir da ilha. Segundo o FBI, mais de 50 capas de chuva foram transformadas em coletes salva-vidas e em um bote de borracha. "Eles também construíram remos de madeira e converteram um instrumento musical em uma ferramenta para inflar o bote". Usando uma rede de canos, o trio escalou a parede e abriu o ventilador no topo do edifício, por onde saíram do prédio e foram para a baía.

A busca pelo trio mobilizou as autoridades norte-americanas. O FBI, a Guarda Costeira e os responsáveis pelo Departamento Prisional buscavam evidências que pudessem solucionar o enigma da fuga. O detento Allen West, que participou da elaboração do plano, não conseguiu sair da cela a tempo e passou a colaborar na investigação.

Alguns pedaços de madeira semelhantes a remos e pedaços de câmara de ar de borracha foram encontrados na água. Um colete salva-vidas artesanal também foi encontrado na praia de Cronkhite, mas buscas extensivas não encontraram nenhum outro item na área.
FBI

O mistério

Os fugitivos nunca foram encontrados vivos, tampouco seus corpos. Segundo o FBI, o plano do trio era roubar um carro quando chegasse à cidade, mas nenhum crime do tipo foi registrado pelas autoridades de São Francisco à época. As únicas evidências encontradas não levaram as autoridades até os criminosos, cujo paradeiro é desconhecido até hoje.

Após anos de investigação, o FBI encerrou oficialmente o caso em dezembro de 1979. O caso foi transferido para o U.S. Marshals Service, que continua investigando a hipótese de o trio ainda estar vivo. Em seu portal oficial, o Serviço de Delegados indica características físicas dos três fugitivos, detalhes como as respectivas tatuagens, e um retrato de como eles poderiam estar hoje em dia:

Fugitivos de alcatraz, John Anglin, Clarence Anglin e Frank Morris, em retratos feitos pelo U.S. Marshals Service - Divulgação/U.S. Marshals Service - Divulgação/U.S. Marshals Service
Fugitivos de alcatraz, John Anglin, Clarence Anglin e Frank Morris, em retratos feitos pelo U.S. Marshals Service
Imagem: Divulgação/U.S. Marshals Service

A prisão

Conhecida como "A Rocha", a ilha de Alcatraz mantinha prisioneiros desde a Guerra Civil. Em 1934, o complexo foi reformado e se transformou em uma prisão de segurança máxima, com barras de ferro mais resistentes, torres estrategicamente posicionadas e regras rígidas, como uma série de revistas diárias. Na década de 1950, quando houve o pico de lotação do local, Alcatraz abrigava mais de 200 detentos.

A 2 quilômetros da costa da cidade de São Francisco, Alcatraz tinha uma logística de alto custo ao governo dos EUA. Os principais gastos eram causados pelo isolamento físico da ilha, para onde era necessário levar frequentemente alimentos, suprimentos, combustível e até água potável.

Segundo o Escritório de Prisões dos Estados Unidos, a capacidade de apenas 336 prisioneiros não justificava os custos operacionais elevados. O funcionamento de Alcatraz era três vezes mais caro do que o de qualquer outra prisão federal, de acordo com o escritório.

Em 1963, 29 anos depois da abertura, Alcatraz fechou as portas. O episódio envolvendo Morris e os irmãos Anglin se juntou ao peso financeiro que a prisão representava, culminando no encerramento das atividades da penitenciária.

Hoje, a prisão é uma das principais atrações turísticas de São Francisco. Desde 1973, os visitantes chegam até o local com uma balsa oficial e podem conhecer as dependências, como o pátio, os corredores e o refeitório, além de se aproximar dos bonecos feitos pelo trio que escapou dali há mais de 60 anos.

*Com informações da AFP e de matéria publicada em 13/10/2015

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