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Chefe de ajuda da ONU critica plano de ajuda de Israel a Gaza como "espetáculo cínico"

13/05/2025 16h43

Por Michelle Nichols

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O chefe de ajuda humanitária das Nações Unidas, Tom Fletcher, criticou nesta terça-feira o plano de Israel para a distribuição de ajuda na Faixa de Gaza chamando-o de "espetáculo cínico, uma distração deliberada, uma desculpa para mais violência e deslocamento" dos palestinos no enclave.

Fletcher disse ao Conselho de Segurança da ONU que nenhum alimento, medicamento, água ou barraca entrou no enclave palestino devastado pela guerra por mais de 10 semanas.

"Podemos salvar centenas de milhares de sobreviventes. Temos mecanismos rigorosos para garantir que nossa ajuda chegue aos civis e não ao Hamas, mas Israel nos nega acesso, colocando o objetivo de despovoar Gaza acima da vida dos civis", disse.

Nenhuma ajuda foi entregue a Gaza desde 2 de março. Israel disse que não permitiria a entrada de mercadorias e suprimentos em Gaza até que o grupo militante palestino Hamas libertasse todos os reféns restantes.

No final do mês passado, o Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou que os estoques de alimentos em Gaza foram esgotados, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que pressionou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a permitir a entrega de alimentos e medicamentos.

Fletcher relatou que a ONU se reuniu mais de uma dúzia de vezes com autoridades israelenses para discutir o modelo de distribuição de ajuda "para encontrar uma maneira de torná-lo possível", enfatizando as condições mínimas necessárias para o envolvimento da ONU. Essas condições incluem a capacidade de fornecer ajuda a todos os necessitados, onde quer que estejam.

"A modalidade de distribuição projetada por Israel não é a resposta", disse ele ao conselho de 15 membros.

"Ela força mais deslocamentos. Ela expõe milhares de pessoas a danos... Ela restringe a ajuda a apenas uma parte de Gaza, deixando outras necessidades terríveis sem atendimento. Condiciona a ajuda a objetivos políticos e militares. Torna a fome uma moeda de troca", disse Fletcher.

A COGAT, agência militar israelense que coordena a ajuda, reuniu-se com agências da ONU e grupos de ajuda internacional no início de abril e propôs "um mecanismo estruturado de monitoramento e entrada de ajuda".

"O mecanismo foi criado para apoiar as organizações de ajuda, melhorar a supervisão e a responsabilidade e garantir que a assistência chegue à população civil necessitada, em vez de ser desviada e roubada pelo Hamas", publicou a COGAT no X em 3 de abril.

A atual guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.200 pessoas no sul de Israel e fez cerca de 250 reféns, de acordo com registros israelenses. Desde então, mais de 52.700 palestinos foram mortos, segundo autoridades de saúde de Gaza.

(Reportagem de Michelle Nichols)

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