China recebe líderes latino-americanos para reforçar aproximação
A China recebe a partir desta segunda-feira (12) vários líderes latino-americanos em Pequim para o IV Fórum Ministerial China-Celac, que visa uma aproximação entre o país e a região como resposta à guerra comercial com os Estados Unidos.
Pequim intensificou a cooperação econômica e política com países latino-americanos nos últimos anos e defende a formação de uma frente unida contra a recente onda de tarifas do presidente americano, Donald Trump.
Dois terços dos países latino-americanos aderiram à Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês) de Pequim, um programa de infraestrutura avaliado em um trilhão de dólares (5,71 trilhões de reais). Além disso, a China superou os Estados Unidos como principal parceiro comercial de Brasil, Peru e Chile, entre outros.
O fórum entre a China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que tem 33 membros, começará oficialmente na terça-feira (13).
O presidente colombiano Gustavo Petro, presidente pro tempore do bloco latino-americano, chegou a Pequim nesta segunda-feira. Diante das discussões sobre incertezas tarifárias, afirmou que propôs a Washington que realize uma cúpula semelhante à realizada na China.
"Pedimos ao governo dos Estados Unidos que realize a cúpula Celac-EUA", disse ele à imprensa após visitar a Grande Muralha da China.
Petro, que ficará no país asiático até sábado, reiterou que assinará uma "carta de intenções" para ingressar na BRI, também conhecida como Novas Rotas da Seda, quando se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping nos próximos dias.
Xi participará da cúpula em sua cerimônia inaugural na terça-feira, segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês.
Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, se encontrou com seu homólogo cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, na Casa de Hóspedes do Estado Diaoyutai em Pequim.
No mesmo local, Wang Yi também teve encontros bilaterais com seus homólogos venezuelano Yvan Gil, peruano Elmer Schialer e uruguaio Mario Lubetkin.
- "Não deve servir como quintal"-
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Pequim no sábado para uma visita de Estado de cinco dias.
Lula tem buscado melhorar as relações com China e com os Estados Unidos desde que voltou ao poder no início de 2023.
As exportações brasileiras para a China superaram os 94 bilhões de dólares (536 bilhões de reais) no ano passado, segundo a base de dados ComTrade das Nações Unidas.
O Brasil, potência agrícola sul-americana, exporta principalmente soja e outros produtos básicos para a China, enquanto o gigante asiático vende semicondutores, telefones, veículos e medicamentos ao Brasil.
O fórum também deve contar com as presenças de outros presidentes, como o chileno Gabriel Boric.
Um alto funcionário do ministério disse no domingo que Pequim "sempre abordou o desenvolvimento das relações China-América Latina a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo".
A China considera que os países da América Latina e do Caribe "são atores importantes nos processos de multipolaridade mundial e globalização econômica", disse no domingo o vice-ministro das Relações Exteriores, Miao Deyu.
"Os povos da América Latina e do Caribe buscam construir sua própria pátria, não servir como quintal de nenhum outro país", acrescentou, em uma referência velada aos Estados Unidos.
A China está "disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com os países latino-americanos" diante das tarifas americanas e a "trabalhar em conjunto para (...) se opor ao unilateralismo e à intimidação econômica", acrescentou Miao.
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