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BTG Pactual espera retomar crescimento em sales & trading

12/05/2025 13h12

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O BTG Pactual avalia que é uma "questão de tempo" as receitas de sua divisão de sales & trading voltarem a crescer, após o maior banco de investimentos da América Latina encerrar o primeiro trimestre com declínio de 4% ano a ano e de 15% na base trimestral nessa linha do balanço.

"Acreditamos que é uma questão de tempo... Nós voltaremos a crescer em sales & trading. Mas, como todos sabemos, o ambiente tem sido extremamente desafiador", afirmou o presidente-executivo do BTG, Roberto Sallouti, em teleconferência com analistas sobre balanço divulgado na véspera.

O banco atribuiu o declínio na base trimestral a uma típica sazonalidade negativa do primeiro trimestre, bem como abordagem de risco mais conservadora devido ao desafiador cenário macroeconômico global, além de efeitos extraordinários relacionados à Eneva.

Para Sallouti, as tendências que o banco tem observado, de fluxos de recursos maiores em direção a outros mercados do que aos EUA, tendem a beneficiar a área de sales & trading, conforme o BTG continua expandindo suas franquias de gestão de fortunas e ativos, apesar do efeito do alto nível das taxas de juros.

"Definitivamente achamos que, com o tempo, sales & trading volte a crescer. Talvez não o crescimento que estamos observando nos empréstimos corporativos ou no negócio de gestão de ativos, mas definitivamente achamos que voltará a crescer à medida que a tendência volte, digamos, ao normal."

O executivo reforçou, contudo, que ambiente no Brasil permanece volátil em relação às taxas de juros, com bons números de crescimento e algumas expectativas de inflação que não estão ancoradas.

"Acho natural que o mercado esteja sempre tentando antecipar o pivô porque, como todos sabemos, o nível das taxas de juros está muito alto, tanto em base nominal quanto real... Pessoalmente, acho que provavelmente o que está precificado agora talvez seja um pouco otimista."

Estrategicamente, acrescentou, o BTG está se posicionando para cortes de juros em algum momento de 2026, o que beneficiará o setor. "Seria muito melhor para os negócios se voltássemos para juros reais em 4,5% com uma meta de inflação de 3%."

Mas também afirmou que, olhando para a situação atual, o BTG está muito mais otimista do que no início ou em meados do primeiro trimestre. "Havia algumas expectativas de mercado que apontavam para uma queda significativa nas receitas", afirmou.

No primeiro trimestre, o BTG apurou expansão de 35% nas receitas com crédito corporativo e business banking ano a ano, a linha da asset management aumentou 28% e a divisão de wealth management & consumer banking teve expansão de 19%, enquanto banco de investimento apurou declínio de 42%.

O presidente do BTG reiterou a previsão de que o retorno ajustado sobre o patrimônio (ROAE) deste ano deve ser melhor do que no ano passado, sem especificar um número. No primeiro trimestre, o ROAE ajustado aumentou para 23,2%. Em 2024, ficou em 23,1%.

Na bolsa paulista, as units do BTG recuavam 2,11%, a R$39,94, conforme agentes financeiros anteciparam suas posições para o resultado do banco com lucro ajustado e receita recordes, com os papéis subindo nas três sessões anteriores, acumulando no período uma valorização de mais de 9%.

CRÉDITO

Sallouti afirmou que o desempenho da carteira de crédito tem sido melhor do que o BTG esperava, mas ele ponderou que o banco continua entendendo que o nível das taxas de juros apresenta um ambiente desafiador para empresas mais alavancadas.

"O ciclo de crédito nos surpreendeu positivamente até o final do primeiro trimestre em relação ao que havíamos, digamos, preparado", afirmou, acrescentando que no segmento de pequenas e médias empresas a abordagem mais conservadora do banco limitou o crescimento.

"Em algum momento, nos sentiremos confortáveis ​​com os dados que temos e também com, digamos, as condições macroeconômicas para começar a explorar linhas de crédito com spreads mais altos, mas também com maior risco. Mas ainda não estamos confortáveis", acrescentou.

"Acreditamos que esta é uma grande oportunidade, já que temos uma participação de mercado muito baixa, e estamos confiantes de que, se formos disciplinados, podemos continuar a ter produtos e serviços muito bons, e que podemos continuar a expandir esta linha de negócios ao longo do tempo."

O BTG encerrou março com uma carteira de crédito de R$231 bilhões, crescimento de 27% ano a ano, sendo que o portfólio de PMEs somou R$28 bilhões, alta de 28,2%.

Sallouti ponderou que o banco pode desacelerar o ritmo "um pouco" em relação ao crescimento de 27%, que foi ajudada pela participação baixa de mercado do banco em vários segmentos.

"Mas acreditamos que continuaremos a crescer mais que o mercado. Em parte por causa da diversificação geográfica e em parte por causa da diversificação de segmentos", afirmou.

O executivo também afirmou que vê o consignado privado sob as novas regras como algo bastante positivo para o banco Pan, controlado pelo BTG.

"Não diria que é transformacional, porque ainda estamos nos estágios iniciais do produto. Ainda há muito a acontecer. Alguns 'players' ainda não estão presentes. Estamos apenas começando com a portabilidade...Mas eu diria que é muito positivo."

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