Rússia x Ucrânia: acordo pode criar instabilidade no mundo, diz professor
Um acordo entre a Rússia e a Ucrânia deve resultar em ganho de territórios para Moscou em detrimento de Kiev. No cenário mundial, isso significa que países menores ficarão mais vulneráveis em relação a potências globais e uma maior instabilidade, avalia Vinícius Vieira, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O presidente russo, Vladimir Putin, propôs neste domingo negociações diretas com a Ucrânia para um cessar-fogo que, segundo ele, pode chegar a paz no longo prazo. Putin ofereceu às autoridades de Kiev, em anúncio na TV, começar as negociações na quinta-feira (15), em Istambul. O líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o país está disposto a negociar pessoalmente.
Ao que tudo indica, a Ucrânia será obrigada a ceder território. E isso, do ponto de vista do direito internacional, vai ser muito negativo, porque pode referendar outras posturas expansionistas, principalmente da parte das grandes potências, mas também das potências regionais.
Isso pode, no futuro, gerar mais instabilidade global e, claro, deixar países menores - do ponto de vista econômico, territorial e populacional - como a Ucrânia, à mercê de grandes potências.
Vinícius Vieira, professor de Relações Internacionais
Putin alertou que a Ucrânia deve chegar sem condições prévias para as negociações. Na visão do professor Vinícius Vieira, a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à guerra na Ucrânia fragiliza Kiev nas negociações, enquanto dá poder à Rússia.
A Rússia detém o poder das negociações e detém um poder maior do que o que tinha até o começo deste ano porque, na prática, Donald Trump, presidente americano desde janeiro, vem se alinhando às posturas russas.
Entende-se, claro, que para os Estados Unidos apoiarem a Ucrânia seria um processo que não daria retorno, mas a maneira como Trump coloca-se nessa posição, empurrando Zelensky, deixa os ucranianos em uma postura de maior fragilidade.
Tanto que Putin deixou claro: 'não venham aqui com pré-condições, venham conversar'. Porque Putin, sem dúvidas, já tem um pacote de condições que deve incluir a tomada de território, a oficialização de territórios conquistados.
Mas o que parece mais grave seria uma desmilitarização da Ucrânia, porque o que sobrar do território ucraniano pode ficar à mercê de novas incursões em um futuro próximo por parte da Rússia.
Vinícius Vieira, professor de Relações Internacionais
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