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Índia acusa Paquistão de 'repetidas violações' do cessar-fogo

Ativistas do Paquistão em protesto contra lideranças da Índia - AKRAM SHAHID/AFP
Ativistas do Paquistão em protesto contra lideranças da Índia Imagem: AKRAM SHAHID/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo*

10/05/2025 16h35

A Índia disse hoje que o Paquistão violou repetidamente o cessar-fogo acordado entre os dois países horas antes e anunciou retaliações ao país vizinho. As duas nações vivem em estado de tensão desde abril.

O que aconteceu

Ocorreram "violações repetidas" à trégua por parte do Paquistão, disse o secretário indiano de Relações Exteriores, Vikram Misri. Ele disse ainda que "as forças armadas estão dando uma resposta adequada e apropriada a estas violações". Uma série de explosões foi ouvida na noite deste sábado em Srinagar, a principal cidade da Caxemira administrada pela Índia, onde a energia foi cortada, conforme informações da AFP.

O cessar-fogo havia sido negociado após quatro dias de confrontos militares na fronteira entre os dois países, disse uma fonte do governo indiano à AFP. Índia e Paquistão se envolvem em confrontos diários desde quarta-feira, quando a Índia atacou vários locais no Paquistão onde supostamente estariam "campos terroristas".

O pacto de compartilhamento de água entre a Índia e o Paquistão continua suspenso, disseram quatro fontes governamentais à Reuters. Ele permaneceu suspenso mesmo após o acordo de cessar-fogo. "O Tratado das Águas do Indo não fazia parte das discussões (de cessar-fogo)", disse uma fonte do Ministério da Água do Paquistão.

Guerra da água

A Índia desistiu do pacto no mês passado, após um ataque contra turistas hindus na Caxemira. Homens armados mataram 26 turistas na Caxemira indiana no dia 22 de abril. A Índia afirma que o ataque foi apoiado por Islamabad. O Paquistão negou envolvimento na violência e disse que prepara uma ação legal internacional sobre a suspensão do tratado, que garante água para 80% de suas fazendas.

A suspensão do pacto foi uma das muitas medidas de retaliação tomadas pelas nações do Sul da Ásia após o ataque à Caxemira. Dentre outras medidas estão o fechamento de fronteiras terrestres, a suspensão do comércio e uma pausa na emissão de quase todas as categorias de vistos para os cidadãos uns dos outros.

O Tratado das Águas do Indo foi mediado pelo Banco Mundial em 1960. Ele regulamenta a divisão das águas do Rio Indo e seus afluentes entre as nações do sul da Ásia.

Os rios que abastecem o Paquistão nascem na Índia. "A água que pertence à Índia e que até agora fluía para fora será retida para servir aos nossos interesses e será utilizada dentro do país", declarou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em um discurso público, nesta semana. O Paquistão advertiu que qualquer tentativa de modificar o fluxo desses rios será considerada "um ato de guerra".

O mundo pediu "moderação" à Índia e ao Paquistão. A ONU advertiu que "o mundo não pode permitir um confronto militar entre Índia e Paquistão". O governo britânico disse estar "pronto" para intervir a fim de "acalmar" a situação entre a Índia e o Paquistão. Já a Turquia fez um alerta sobre o "risco de uma guerra total" entre Índia e Paquistão. Desde 1947, Índia e Paquistão já se enfrentaram em diversas guerras.

*Com informações da AFP e Reuters.

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