Carpas asiáticas viram questão de estado e Trump pede controle dos animais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou um memorando para acelerar as ações contra a ameaça das carpas asiáticas nos Grandes Lagos.
O animal foi utilizado em um primeiro momento para limpar algas que alteravam a qualidade da água, mas a reprodução desenfreada. A não construção de um ponto de bloqueio em Illinois "colocam em risco" o abastecimento de água do país. O Canadá também se preocupa com a situação.
O que aconteceu
Publicação do memorando foi feita ontem pela Casa Branca. No texto, Trump demonstra preocupação com a proteção do sistema de água doce, considerado "fundamental" para os Estados Unidos. A medida busca pressionar o estado de Illinois a remover obstáculos e acelerar a construção de um projeto de bloqueio, essencial para a preservação da pesca e do turismo na região.
Carpas asiáticas têm se espalhado pelo rio Mississippi e afluentes, competindo com os peixes nativos por recursos e afetando a qualidade da água. Se as carpas atingirem os Grandes Lagos, espécies como o walleye e o yellow perch podem ser "irremediavelmente prejudicadas", causando impacto na economia e no ecossistema local.
Existem quatro espécies principais: carpa preta, carpa capim, carpa prateada e carpa cabeça-grande. Todas causam desequilíbrio ecológico. A carpa preta come moluscos nativos, alguns já ameaçados. A carpa capim devora plantas aquáticas e muda a estrutura dos ecossistemas. Já as carpas prateada e cabeça-grande filtram plâncton, competindo com larvas de peixes nativos por alimento.
Para conter a ameaça, o projeto Brandon Road Interbasin, que conta com apoio federal, precisa avançar com urgência, mas enfrenta atrasos devido à falta de ação do estado de Illinois. O governo dos EUA afirma ter destinado US$ 274 milhões para a construção do sistema de barreiras, que será realizado em colaboração com os estados de Illinois e Michigan. No entanto, o processo foi atrasado, segundo Trump, por uma decisão do governador de Illinois, J.B. Pritzker, que adiou a aquisição de terras necessárias para o início da obra.
Memorando de Trump exige que Illinois adquira as terras necessárias para a construção até julho, e que todas as permissões e aprovações sejam concedidas rapidamente, para que as obras possam ser iniciadas sem mais demora. Além disso, o governo federal se comprometeu a agilizar processos relacionados a licenças ambientais e infraestrutura, visando bloquear a entrada das carpas nos Grandes Lagos de forma eficiente e rápida.
Eletrochoque e barreiras
Em 2014, Chicago pensou até em bloquear canais para evitar a proliferação das carpas. Cinco anos depois, autoridades do Kentucky adotaram uma medida extrema para tentar controlar a população das carpas: eletrocutar os peixes com barcos equipados, chamados de shocking boats. A cena foi registrada em vídeo pelo governo local e causou impacto nas redes sociais.
Ação tinha por objetivo conter temporariamente a superpopulação. Paralelamente, estava sendo construída uma barreira sonora para impedir que os peixes avançassem para áreas de preservação. Mesmo assim, especialistas alertavam que a carpa asiática parecia imparável.
Carpas asiáticas foram introduzidas nos Estados Unidos nos anos 1970. Criadores de peixes do sul do país importaram esses animais da China para limpar tanques de criação. Com o tempo, os peixes escaparam para o meio ambiente, principalmente na bacia do rio Mississippi. Canadá também considera a presença do animal uma ameaça, e faz ações de bloqueio para impedir a superpopulação.
Em 2022, autoridades de Illinois lançaram uma campanha para mudar o nome da carpa asiática para "Copi". O objetivo era incentivar o consumo do peixe e reduzir sua população nos rios e lagos. A ação fez parte de um esforço conjunto entre estados e governo federal para evitar a chegada desses peixes aos Grandes Lagos.