Turística, cara e sem esgoto: desafios por trás da reabertura de Alcatraz

O presidente americano, Donald Trump, anunciou no domingo a intenção de modernizar e reativar a lendária penitenciária federal de Alcatraz, localizada em uma ilha da Califórnia e fechada há seis décadas.
O governo dos EUA, no entanto, enfrentará uma série de empecilhos para conseguir a reabertura, como divulgou hoje o site americano Axios.
O que aconteceu?
Reabertura exigiria alto investimento em reformas. Especialistas ouvidos pela Axios que não mencionaram valores concretos, mas apontaram o que precisaria ser feito na infraestrutura decadente do local. O projeto teria de se adaptar a novas questões de regulamentação e também seria preciso levar em conta que alteraria a paisagem e a economia turística de São Francisco. Localizada a 2 km da costa de San Francisco, e com capacidade para 336 prisioneiros, Alcatraz abrigou criminosos célebres, como Al Capone, e após o fechamento passou a receber turistas.
Não há tratamento de esgoto e o concreto está deteriorado. Instalações para funcionários precisariam ser construídas e as celas de 1,5 m por 2,7 m, ampliadas. A estrutura de 90 mil m² precisaria ser adaptada aos códigos de saúde atuais. Não há, por exemplo, instalações para reabilitação e exercícios. Questões logísticas também aumentam a dificuldade e o custo, pois seria preciso transportar alimentos, água potável e outros suprimentos diariamente para a ilha.
Questões legais podem esbarrar no Congresso e atrasar a reativação. A área está sob responsabilidade do Serviço Nacional de Parques desde 1972. O Congresso tomou essa decisão para preservar a história da ilha, não apenas da penitenciária. Para reabrir Alcatraz, pode haver a necessidade aprovação no Congresso da transferência da área para a agência responsável pelos presídios americanos (o BOP, Federal Bureau of Prisons).
Quando foi fechada, em 1963, um prisioneiro em Alcatraz custava três vezes mais do que um detento em uma prisão no continente. A informação foi passada pelo historiador John Martini ao Axios. O alto custo já tinha sido levado em conta na decisão de desativar o local. O governo dos EUA concluiu que sairia mais caro manter a penitenciária, que funcionou por 29 anos, do que construir um novo presídio.