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Primeiros sul-africanos brancos chegarão aos EUA sob plano de refugiados já na próxima semana

09/05/2025 20h41

Por Ted Hesson

WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende trazer o primeiro grupo de sul-africanos brancos para os Estados Unidos por meio de seu programa de refugiados já na próxima semana, disseram três pessoas familiarizadas com o assunto, um esforço divisivo, já que Trump tem bloqueado a admissão de refugiados de outras partes do mundo.

O governo Trump pretende levar o grupo inicial de cerca de 50 africânderes para o Aeroporto Internacional Washington Dulles, na Virgínia, disseram duas das pessoas, que pediram anonimato para compartilhar planos internos. O grupo participaria de uma coletiva de imprensa no aeroporto e depois embarcaria em voos para seus destinos nos EUA, disseram as fontes.

As fontes advertiram que a chegada deles já havia sido adiada em uma semana e que os planos poderiam mudar. Até a tarde de quinta-feira, um avião fretado que pretendia levá-los aos EUA não havia conseguido uma autorização de pouso, disse uma fonte.

O Departamento de Estado dos EUA, que administra o reassentamento dos sul-africanos a quem o governo Trump concedeu o status de refugiado, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Trump deu início a uma ampla repressão à imigração após assumir o cargo em janeiro, incluindo uma suspensão indefinida do reassentamento de refugiados. Em um decreto relacionado, o presidente republicano disse que os EUA só admitiriam refugiados que "pudessem se assimilar completa e adequadamente".

Apesar do amplo congelamento de refugiados, em fevereiro, Trump pediu que os EUA priorizassem o reassentamento de africânderes, descendentes dos primeiros colonizadores, em sua maioria holandeses, dizendo que eles eram "vítimas de discriminação racial injusta".

A afirmação de que a minoria branca sul-africana enfrenta a discriminação da maioria negra tem se espalhado nos círculos de extrema-direita durante anos e foi repetida pelo aliado branco de Trump, nascido na África do Sul, Elon Musk.

A família branca média na África do Sul possui 20 vezes mais riqueza do que a família negra média, de acordo com a Review of Political Economy, uma revista acadêmica internacional.

Em entrevistas com oficiais de imigração dos EUA, os sul-africanos brancos que buscam status de refugiados destacaram problemas com disputas de terras, crimes e percepção de racismo, informou a Reuters em abril.

O governo sul-africano criticou a iniciativa de Trump, dizendo que ela não reconhece a história de colonialismo e apartheid do país.

"É muito lamentável que pareça que o reassentamento de sul-africanos nos Estados Unidos, sob o pretexto de serem 'refugiados', seja totalmente motivado politicamente e projetado para questionar a democracia constitucional da África do Sul", disse o Ministério das Relações Exteriores da África do Sul em um comunicado nesta sexta-feira.

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