Topo
Notícias

Papado mais curto de um Leão durou 26 dias; mais longo foi de 25 anos

Papa Leão 11 passou apenas 26 dias à frente da Igreja - Domínio Público
Papa Leão 11 passou apenas 26 dias à frente da Igreja Imagem: Domínio Público
do UOL

Colaboração para o UOL

09/05/2025 10h21

O americano Robert Francis Prevost foi eleito o novo papa e escolheu o nome Leão 14 para liderar a Igreja Católica. Quem eram e como foram os papados mais curto e mais longo de um Leão?

Leão 11 durou pouco em Roma

O italiano Alessandro de Medici, de família poderosa e influente da época, passou apenas 26 dias à frente da Igreja. Ele assumiu o trono de Pedro aos 69 anos em 1º de abril de 1605 e nele permaneceu até morrer no dia 27 de abril.

Ele teria manifestado vocação religiosa desde a infância em Florença. No entanto, sua mãe não permitia que ele entrasse para o clero, segundo a Enciclopédia Católica.

Com a morte da mãe em 1566, quando já tinha 31 anos, ele pode retomar os estudos para ser padre. Pouco depois, o duque da Toscana o transformou em embaixador florentino para o papa Pio 5º, função que exerceu paralelamente a outras no clero por 15 anos. Em 1573, foi proclamado bispo de Pistoia pelo papa Gregório 13; no ano seguinte já era Arcebispo de Florença.

Durante seus anos em Roma, ele cultivou uma amizade com o futuro São Filipe Néri. Ambos teriam o hábito de discutir questões espirituais e Néri teria profetizado que Alessandro um dia seria papa.

Em 1583, ele se tornou cardeal. Mais de uma década depois, em 1596, ele se tornou o representante oficial do papa na França, o que lhe rendeu a simpatia do rei Henrique 4º e dos colegas franceses. O monarca teria gastado 300 mil escudos italianos (a moeda da época) para promover a candidatura papal de Alessandro, segundo o historiador Eamon Duffy, professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e autor do livro "Saints and Sinners: A History of the Popes".

No entanto, ele adoeceu durante a cerimônia de "posse", na Basílica de São João Latrão, segundo historiadores. Ele teria começado a sentir fadiga, febres e resfriado já no dia seguinte.

O mais longevo Leão

Papa Leão 13 ficou no cargo até 1903 - Domínio Público - Domínio Público
Papa Leão 13 ficou no cargo até 1903
Imagem: Domínio Público

Leão 13, antes Vincenzo Gioacchino Pecci, foi papa de 1878 a 1903. Por isso, ele exerceu a liderança da Igreja por um total de 25 anos e 150 dias, o que faz do seu, até hoje, um dos papados mais longos da história. Superam Leão 13 apenas João Paulo 2º (26 anos), Pio 9º (31 anos) e, possivelmente, São Pedro. Seu recorde de 34 a 38 anos, com base nos textos bíblicos, relatos e na tradição da Igreja, é questionado por alguns historiadores por falta de documentação.

Pecci também foi, oficialmente, o papa mais idoso em exercício. Ele morreu de pneumonia com 93 anos, ainda no cargo. No entanto, documentos sugerem que São Agatão assumiu o pontificado em 678 aos 101 anos. O dado é controverso: o site francês de notícias católicas Aleteia apontou em 2021 que há historiadores —sem citar nomes— que acreditam que o monge Agatão da carta de Gregório 1º a um mosteiro não é o mesmo que se tornou papa.

De berço aristocrata, o jovem Pecci nasceu próximo a Roma em 1810. Filho do conde Domenico Pecci, que foi coronel do Exército da França sob Napoleão, ele recebeu uma educação de orientação religiosa e teria estudado em um colégio jesuíta em Viterbo até 1824.

Aos 18 anos, ele entrou para o clero secular, desligado de qualquer ordem religiosa, enquanto ainda estudava direito, teologia e diplomacia. Durante esta fase, ele apresentou trabalhos na presença de cardeais do Vaticano e foi apresentado a congregações.

Mesmo antes de ser oficialmente ordenado, o futuro Leão 13 já era bem relacionado no Vaticano. Sob a proteção de cardeais, ele foi denominado prelado doméstico pelo papa Gregório 16 em 1837, quando ainda não tinha sido se tornado padre, apenas recebido ordens menores. No mesmo ano, ele auxiliou o cardeal Sala a supervisionar todos os hospitais de Roma durante uma epidemia de cólera.

Nos seis anos seguintes, ele assumiria funções administrativas, gerando finanças da Igreja. Em 1843, foi nomeado arcebispo e núncio apostólico —um diplomata da Santa Sé— na Bélgica, onde permaneceu por três anos.

Ao voltar à Itália, Pecci passou a se engajar com a política e as necessidades do povo. Segundo o biógrafo Benno Kühne, ele fundou abrigos e um banco que fazia empréstimos a pessoas de baixa renda, criou sopões, em uma época de conflito entre os que desejavam o fim dos Estados Papais para a unificação da Itália, o que acabou acontecendo.

Já no trono de Pedro em 1878, ele ficou conhecido como o "Papa dos Trabalhadores". Foi famoso pelo intelectualismo e por definir a doutrina social moderna da Igreja, defendendo na encíclica Rerum Novarum os direitos a salários justos, a condições seguras de trabalho, formação de associações e sindicatos, direitos à propriedade e livre iniciativa —opondo-se, ao mesmo tempo, ao socialismo e ao capitalismo liberal.

Ele também teve profundo impacto no mundo pré-Primeira Guerra como um papa diplomático e conciliador. Dialogava com líderes de Estado, em uma época em que a influência do Vaticano estava comprometida, e focou em apoiar avanços científicos, o diálogo de católicos com protestantes e ortodoxos, além de promover o aprofundamento da veneração à Virgem Maria dentro da Igreja.

Notícias