Julgamento de "Diddy" é caso de maior destaque da Unidade de Direitos Civis desde sua criação
NOVA YORK (Reuters) - O julgamento de Sean "Diddy" Combs por tráfico sexual marca o caso de maior destaque até agora para um grupo incipiente na Procuradoria de Manhattan que se concentra na persecução penal de violações de direitos civis.
Desde sua criação em 2022 pelo então procurador norte-americano Damian Williams, a unidade instaurou 21 processos criminais com alegações que incluem crimes de ódio antissemita, uso excessivo da força por policiais, abuso sexual de menores e negligência ambiental por parte de uma empreiteira.
O grupo de nove advogados, chamado de Unidade de Direitos Civis na Divisão Criminal, é distinto de uma Unidade de Direitos Civis de longa data na Divisão Cível, que geralmente move ações civis contra empresas e entidades governamentais locais, incluindo uma ação contra a cidade de Nova York para tentar reduzir a violência nas prisões.
A nova unidade da divisão criminal tem um histórico sólido. Ela conseguiu 15 declarações de culpa, uma condenação, e dois réus absolvidos em julgamento, de acordo com uma análise da Reuters de comunicados à imprensa e registros judiciais. Dez réus acusados pela unidade, incluindo Combs, têm processos pendentes.
O julgamento de Combs, que é conhecido por ter elevado o hip-hop na cultura norte-americana, trará mais atenção internacional ao trabalho da unidade do que os casos anteriores. Combs, de 55 anos, declarou-se inocente em setembro passado da acusação de forçar mulheres a participarem de performances sexuais.
Três meses após a acusação contra Combs, Williams anunciou acusações de tráfico sexual contra Oren Alexander e Tal Alexander, cofundadores de uma corretora de imóveis de luxo nos Estados Unidos, e seu irmão Alon Alexander. Todos os três se dizem inocentes.
Williams, nomeado pelo ex-presidente democrata Joe Biden, disse que instituiu a unidade para centralizar a responsabilidade pelos casos de tráfico sexual, que antes estavam espalhados por diferentes unidades, e para lidar com um aumento nos crimes de ódio.
Ameaças e violência antissemitas foram o tema de seis dos casos da unidade. Na quarta-feira, a unidade acusou Tarek Bazrouk, de 20 anos, de crimes de ódio por supostamente agredir indivíduos judeus, incluindo dois estudantes da universidade de Columbia, durante protestos contra a guerra em Gaza. Bazrouk se declara inocente.
Tanto essa acusação quanto as acusações criminais adicionais contra os irmãos Alexander reveladas nesta quinta-feira foram aprovadas por Jay Clayton, a escolha do presidente republicano Donald Trump para chefiar a Procuradoria dos EUA para o Distrito Sul de Nova York.
"Fiquei imediatamente impressionado com a velocidade e o impacto do trabalho da Unidade de Direitos Civis", disse Clayton, que assumiu o cargo em 22 de abril, à Reuters. "Continuo encorajado pela competência e determinação desse grupo de promotores talentosos", completou.
(Reportagem de Luc Cohen)