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Após assistir desfile militar em Moscou, Lula defende 'parceria estratégica' entre Brasil e Rússia

09/05/2025 15h55

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta sexta-feira (9), o fortalecimento da "parceria estratégica" entre Brasil e Rússia. As declarações foram feitas no âmbito de uma reunião no Kremlin com o líder russo, Vladimir Putin, que recebeu chefes de Estado de vários países para as comemorações do 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista.

Com informações de Anissa El Jabri, correspondente da RFI em Moscou, e agências

"Esta minha visita aqui é para estreitar e refazer com muito mais força a nossa construção de parceria estratégica", declarou Lula, que está em Moscou desde quarta-feira (7). Lula afirmou ainda que o Brasil tem interesse em "discutir a área da defesa, a área espacial, a área científica e tecnológica, a área da educação e a área, sobretudo, da questão energética".

Do lado russo, Vladimir Putin declarou que Moscou e Brasília "conseguiram trabalhar muito para fortalecer as relações" entre os dois países nos últimos anos.

O presidente brasileiro também reiterou suas críticas às políticas econômicas do presidente norte-americano Donald Trump. O chefe da Casa Branca impôs tarifas de 10% sobre todas as importações, mas suspendeu os impostos mais altos a dezenas de países, excluindo a China até o momento.

A decisão de taxar o comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, "joga por terra a grande ideia do livre comércio, joga por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo e joga por terra, muitas vezes, o respeito à soberania dos países", disse Lula a Putin.

Rússia tenta se mostrar menos isolada

Moscou tenta aprofundar laços com países além das potências ocidentais desde o lançamento de sua ofensiva na Ucrânia, em fevereiro de 2022. E o Brasil, que ocupa atualmente a presidência do Brics, grupo formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros membros recentemente admitidos, pode ter um peso nessa equação. As alianças de Moscou com Brasília, ou ainda com Pequim e Nova Delhi, são vistas como um elemento de defesa contra os Estados Unidos e a Otan.

Essa vontade russa de se mostrar menos isolada foi visível durante as celebrações desta sexta-feira. Na televisão local, por exemplo, os apresentadores martelavam o fato de que o desfile na praça Vermelha contava com a presença de líderes internacionais de peso.

Um apresentador da televisão estatal chegou a comparar as arquibancadas do desfile à cúpula do Brics em Kazan. Mesmo se, na realidade, muitos daqueles que participaram da reunião de outubro de 2024, como o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, não estavam em Moscou neste 9 de maio. Além disso, quase nenhum representante dos aliados tradicionais do Ocidente estava presente, com a notável exceção do primeiro-ministro eslovaco, país membro da União Europeia.

Apesar disso, a televisão estatal russa insistia que "o centro da diplomacia estava no Kremlin" para esta celebração, "apesar da ignorância do Ocidente".

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