Trump culpa Biden por queda do PIB dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, culpou nesta quarta-feira (30) seu antecessor Joe Biden pelos maus números do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre.
O PIB, que mede a criação de riqueza nacional, caiu nos primeiros três meses do ano, período que marca o início do segundo mandato de Donald Trump, cuja política tarifária provocou ondas de choque em todo o mundo e também dentro do próprio país.
O PIB da maior economia do mundo caiu 0,3% em ritmo anualizado no primeiro trimestre, depois de ter crescido 2,4% nos últimos três meses de 2024, segundo uma estimativa do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
Os analistas esperavam um crescimento do PIB de 0,4%, segundo a Briefing.com.
"A queda do PIB real no primeiro trimestre reflete um aumento das importações, uma desaceleração dos gastos dos consumidores e uma queda nos gastos públicos", destacou o Departamento de Comércio.
As importações aumentaram no início do ano porque empresas e consumidores se apressaram para comprar determinados bens antes que os preços subissem por causa das novas tarifas.
O problema é que essas compras antecipadas significam menos gastos no futuro, o que pode levar a novos dados negativos.
Segundo outro comunicado publicado nesta quarta-feira, a criação de empregos no setor privado americano desacelerou drasticamente em abril, ficando abaixo das expectativas.
Por outro lado, o presidente americano encontra consolo nos números da inflação.
O índice oficial PCE mostra que a inflação desacelerou em março para +2,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior, antes da imposição da maioria das novas tarifas alfandegárias.
Isso se deve, em grande parte, à queda nos preços do gás e do petróleo, alimentada por dúvidas crescentes sobre a saúde da economia mundial.
- Trump pede "paciência" -
Os números foram divulgados no 101º dia do segundo mandato de Trump. Nesse período, ele anunciou várias rodadas de tarifas que geraram grande incerteza global.
Em março, Trump anunciou tarifas adicionais elevadas sobre produtos de seus principais parceiros comerciais a partir do início de abril, numa tentativa de renegociar seus acordos comerciais.
Isso abalou os mercados financeiros, que apresentaram níveis de volatilidade não vistos desde a pandemia da covid-19.
Após a forte queda dos mercados em abril, Trump anunciou uma pausa de 90 dias no aumento das tarifas para dezenas de países, com a intenção de permitir negociações. Para a maioria deles, manteve uma tarifa mínima de 10%.
Também anunciou medidas específicas para setores como o do aço, alumínio, automotivo e autopeças não fabricadas nos Estados Unidos.
As novas tarifas americanas chegam a 145% para diversos produtos chineses, e Pequim respondeu com novas tarifas de 125% sobre importações provenientes dos Estados Unidos.
Mesmo assim, Trump culpou seu antecessor, o democrata Joe Biden, pelos dados negativos desta quarta-feira. "Só assumi em 20 de janeiro", escreveu em sua rede Truth Social.
"As tarifas logo começarão a ser aplicadas, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes. Nosso país vai prosperar, mas precisamos nos livrar do 'peso morto' de Biden", acrescentou.
"Isso vai demorar um pouco, não tem nada a ver com tarifas, só nos deixaram com números ruins, mas quando o boom começar, será como nenhum outro. TENHAM PACIÊNCIA!!!", escreveu.
Mais tarde, na reunião de seu gabinete, Trump mostrou-se otimista e afirmou que a China, ao contrário, estava atordoada pelas tarifas impostas, com fábricas "fechando" em todo o país "porque as pessoas já não compram mais seus produtos".
"Eu não queria que isso acontecesse", disse o republicano, acrescentando que "aprecia muito" seu par chinês, Xi Jinping, e "espera" um acordo com Pequim.
A oposição democrata, por outro lado, considera que a economia americana está caminhando para o desastre.
"Donald Trump deve reconhecer seu fracasso, mudar de rumo e demitir imediatamente sua equipe econômica", declarou o líder da oposição no Senado, Chuck Schumer.
O consumo dos americanos, outro motor do PIB, também está sob escrutínio, já que diversos indicadores recentes mostram que a confiança no futuro caiu drasticamente.
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