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Aliados criticam, mas Nunes nega mal-estar com decisões de vice-prefeito

O vice-prefeito Mello Araújo (PL) ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) - Gabriel Silva/Ato Press/Folhapress
O vice-prefeito Mello Araújo (PL) ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) Imagem: Gabriel Silva/Ato Press/Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

30/04/2025 14h29

Enquanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), cumpre agenda pela Ásia há dez dias, o vice-prefeito, Ricardo Mello Araújo (PL), acumula polêmicas como chefe do Executivo interino e é criticado. Ao UOL, Nunes negou qualquer mal-estar entre eles.

O que aconteceu

Mello Araújo exonerou servidores e anunciou estacionamento no Minhocão. A demissão de Carlos Fernandes, que era secretário-executivo de Segurança Alimentar, não teve o consentimento do prefeito. Ele era responsável por administrar o Armazém Solidário, uma das bandeiras da gestão de Nunes.

Oficialmente, Nunes defendeu os bolsões de estacionamento no Minhocão, mas o UOL apurou que o prefeito queria ter participado da ação. Além disso, o emedebista quer estudar outras possibilidades para a região, como a criação de um parque. Mello Araújo disse que a o estacionamento vai "limpar a região" e barrar o descarte irregular de lixo —atualmente, moradores de rua ocupam o lugar.

"Não existe nenhum problema", disse o prefeito sobre decisões tomadas por Mello Araújo. O emedebista afirmou que tem "muita sintonia" com seu vice. "Ambos estamos empenhados em fazer o melhor para nossa cidade." Essa foi a primeira vez que o coronel da reserva da PM assumiu a prefeitura interinamente.

O entorno de Nunes tem uma avaliação bem diferente. Um dos aliados afirmou que o período de Mello Araújo como prefeito em exercício foi "desastroso" e "inoportuno". Para pessoas próximas ao emedebista, o vice atropelou decisões e expôs a administração municipal. Há quem divida também da mesma avaliação oficial do prefeito e afirme que o ex-comandante da Rota "está procurando fazer o melhor para cidade".

Entrevistas de Mello Araújo à imprensa também foram mal vistas por fontes da prefeitura. Ao UOL, por exemplo, o vice-prefeito contou pela primeira vez sua opinião a respeito de trocar o nome da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para Polícia Municipal. Ele afirmou que é preciso "manter tradições" e discordou de Nunes sobre a mudança —o prefeito tem defendido a alteração e fala na criação de uma PEC, já que o STF barrou a troca do nome.

O caso Minhocão já vínhamos falando de alternativas para melhorar a situação daquele local. Sobre as exonerações, se as fez tem seus motivos, e irá me apresentar assim que eu chegar.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

Mello Araújo diz que sabe se 'colocar'

"Sou vice-prefeito e militar, sei me colocar", afirmou o vice-prefeito sobre as decisões tomadas nos últimos dias. Mello Araújo afirmou que todas as ações foram feitas com conhecimento do prefeito.

A informação da exoneração dos servidores, entretanto, não foi repassada para Nunes. À Folha de S. Paulo, o próprio vice-prefeito afirmou que "não quis atrapalhar" a viagem do emedebista. Mello Araújo disse ao jornal que as demissões ocorreram "a bem do serviço público".

O ex-comandante da Rota foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) para ser vice de Nunes. Mello Araújo é visto como uma pessoa de confiança e leal pelo ex-presidente. Foi no governo de Bolsonaro que ele comandou a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e pediu exoneração do cargo com a vitória de Lula, em 2022.

Na companhia, Mello Araújo tentou expulsar o sindicato da categoria. A gestão dele foi acusada pelo sindicato de militarizar a Ceagesp e promover abusos e intimidações contra servidores. O vice-prefeito nega as acusações, afirma que colocou ordem no local e acabou com a corrupção.

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