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Papa adolescente, renúncias forçadas e mortes: veja curiosidades do cargo

Papa Francisco não via TV desde 1990 após promessa à Nossa Senhora do Carmo - Vincenzo Pinto/AFP
Papa Francisco não via TV desde 1990 após promessa à Nossa Senhora do Carmo Imagem: Vincenzo Pinto/AFP
do UOL

Do UOL*, em São Paulo

30/04/2025 05h30

Figuras centrais na Igreja Católica, papas têm histórias cheias de lutas pelo poder, assassinatos, renúncias e destituições. Veja abaixo curiosidades sobre os pontífices de antigamente até os dias atuais.

Papado era cargo político

Papa exercia controle político dos estados pontifícios. A partir do século 8, os papas intervinham na política interna dos estados e do país, o que levava à briga pelo poder, e exerciam o papel de juízes em casos da separação dos reinos.

Conclaves não eram respeitados como são hoje em dia. Durante o Sacro Império Romano-Germânico (962-1806), era necessário que o nome escolhido tivesse o apoio do imperador. Caso contrário, o pontífice era deposto.

Papas que renunciaram

Ponciano foi o primeiro papa a renunciar, em 235, ao ser forçado pelo imperador Maximino - De Agostini via Getty Images - De Agostini via Getty Images
Ponciano foi o primeiro papa a renunciar, em 235, ao ser forçado pelo imperador Maximino
Imagem: De Agostini via Getty Images

Ponciano, em 235: renunciou após perseguição do imperador Maximino Trácio e morreu quase dois meses depois, durante o exílio na Sardenha.

Eusébio, em 309: foi perseguido pelo imperador Magêncio e morreu no exílio, na Sicília.

João 1º, em 526: capturado por Teodorico, o Grande, morreu na prisão.

Silvério, em 537: foi deposto uma primeira vez, mas recuperou o cargo. No entanto, acabou preso e exilado sob forte conspiração em favor de Vigílio, que o sucedeu. Morreu de fome menos de um mês após ser forçado a abdicar.

João 3º, em 574: sem causa definida.

Martino 1º, em 655: forçado a renunciar, foi preso e exilado até a morte.

Constantino 2º, em 776: sem causa definida.

João 8º, em 882: sofreu um envenenamento e resistiu, mas morreu após ser atacado a marteladas por um familiar.

Estêvão 7º, em 897: assumiu até que o filho da princesa Marózia tivesse idade para ser papa. Foi linchado e estrangulado na prisão.

Leão 5º, em 903: assassinado pela família romana dos tusculanos.

Bento 5º, em 965: deposto pelo imperador Otão I e exilado na Alemanha.

Bonifácio 7º, em 984: foi exilado e assassinado.

Gregório 6º, em 1046: deposto e exilado após assumir a compra do papado.

Celestino 5º, 1294: renunciou cinco meses após assumir.

Gregório 12, em 1414: renunciou após falhar em esforços para unificar a Igreja.

Bento 16, em 2013: renunciou aos 85 anos por "falta de ânimo" devido a problemas de saúde.

gregório - De Agostini via Getty Images - De Agostini via Getty Images
Retrato do papa Gregório 6º, deposto após assumir a compra do cargo
Imagem: De Agostini via Getty Images

Sem adotar nome santo

Marcelo 2º, eleito em 1501, foi o último papa a usar o seu nome de batismo. A prática era comum nos primórdios da Igreja Católica, e há controvérsias de quando deixou de existir.

Três versões sugerem a origem da adoção de um nome santo. A primeira conta que quem começou a mudança foi João 1º, em 523, ao achar que o seu nome, Minerva, era de uma deusa pagã. Em outras publicações, afirma-se que foi João 2º (papa entre 533-535), de nome Mércurio, usando o mesmo argumento. A terceira possibilidade é a de ter sido o papa Gregório 5º, em 996, que tinha Bruno como nome de batismo.

Princesa envolvida na morte e eleição de papas

A nobre romana Marózia tentou matar dois papas. Relatos históricos afirmam que ela envenenou João 10º em 928, e depois Estêvão 7º, em 931. O primeiro, inclusive, foi preso no encarcerado em Castel Sant'Angelo, a pedido da nobre.

Princesa influenciou a eleição de pontífices no século 10. Estêvão 7º teria sido escolhido por influência de Marózia para assegurar o trono de Pedro para seu filho, o papa João 11.

Nobre romana, Marózia influenciou a escolha do filho para papa  - Franco Mistrali via Wikimedia Commons - Franco Mistrali via Wikimedia Commons
Nobre romana, Marózia influenciou a escolha do filho para papa
Imagem: Franco Mistrali via Wikimedia Commons

Papa assumiu aos 12 anos (e por três vezes)

Bento 9º é um caso raro: exerceu o poder de papa por três vezes, no século 11. Embora não haja dados concretos de sua data de nascimento, que varia entre 1012 e 1020, Bento 9º foi um dos papas mais jovens, podendo ter assumido aos 12 anos.

Primeiro pontificado, a partir de 1032, foi comprado por seu pai, um conde de Túsculo, antiga cidade italiana. Bento 9º foi obrigado a sair pela oposição, em 1045, sendo sucedido pelo papa Silvestre 3º. Ele não aceitou a deposição e, apoiado por seu exército, expulsou o sucessor. Contudo, o pontífice fica menos de um mês no cargo e designou Gregório 6º. Ele reassumiu o poder após a morte de Clemente 2º, em 1047, mas foi expulso por tropas germânicas em julho de 1048 e excomungado no ano seguinte.

Brasões do papa Bento 9º - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Brasões do papa Bento 9º
Imagem: Wikimedia Commons

Renúncia de Bento 16

Papa Bento 16 - REUTERS/Osservatore Romano-Arturo Mari - REUTERS/Osservatore Romano-Arturo Mari
Bento 16 na Praça de São Pedro, no Vaticano, em foto de arquivo
Imagem: REUTERS/Osservatore Romano-Arturo Mari

Renúncia devido à insônia. Problema começou na Jornada Mundial da Juventude de Colônia, meses após ser eleito papa, em 2005. A revelação foi feita semanas antes de Joseph Ratzinger morrer aos 95 anos, em 31 de dezembro de 2022. Ele contou em carta enviada ao seu biógrafo que os remédios deixaram de fazer efeito e que uma vez acordou "totalmente encharcado de sangue" provavelmente por uma queda no banheiro, devido às medicações.

Não se imaginava papa. Alemão afirmou que não desejava ser o líder da Igreja Católica e pensava na aposentadoria no ano em que foi eleito.

"Rottweiler de Deus". Ratzinger recebeu esse apelido durante o trabalho na Congregação para a Doutrina da Fé, alta autoridade no Vaticano. Críticas à sua atuação vieram à tona durante o papado, afirmando que ele não deu devida importância à gravidade de relatos de abusos sexuais.

Francisco deixou de ver TV por promessa

Papa Francisco, em foto de 2013 - TIZIANA FABI/AFP - TIZIANA FABI/AFP
Papa Francisco, em foto de 2013
Imagem: TIZIANA FABI/AFP

Segundo mais votado em 2005. Jorge Mario Bergoglio "perdeu" para Bento 16 no conclave após a morte de João Paulo 2º. Em 2013, quando foi eleito, ele não aparecia entre os favoritos, mas despontou após o primeiro dia de votação na Capela Sistina.

Passagem de volta comprada para casa. Francisco não acreditava que fosse ganhar e já tinha planos para seu retorno à Argentina após o conclave, inclusive tendo preparado a homilia para a missa da Quinta-Feira Santa.

Nome influenciado por brasileiro. Papa afirmou que a escolha veio após receber um pedido do cardeal Cláudio Hummes, morto em 2022, aos 87 anos. Bergoglio conta que o brasileiro lhe pediu para não se esquecer dos mais pobres, o inspirando a adotar o nome em homenagem à São Francisco de Assis.

Sem parte do pulmão desde os 21 anos. Pontífice teve três cistos identificados no órgão e não respondeu ao tratamento. Ele definiu a cirurgia como "cruel" em entrevista concedida em 2019. "Me disseram que tinha sido necessário usar muita força. Por isso, quando me recuperei da anestesia, senti muita dor", afirmou ao médico e jornalista argentino Nelson Castro.

Sem ver TV há 34 anos. Francisco deixou de assistir televisão após uma promessa à Nossa Senhora do Carmo, feita em 15 de julho de 1990 — ele não compartilhou a intenção. Veto inclui os jogos do San Lorenzo, seu time do coração. Segundo contou em 2015, eram Guardas do Vaticano quem lhe falavam os resultados das partidas.

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