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'Juízo final', fogões, chaminé: como é a Capela Sistina, palco do conclave

Cardeais na entrada da Capela Sistina para a escolha do novo papa, em 2013 - Observatório Romano / AFP
Cardeais na entrada da Capela Sistina para a escolha do novo papa, em 2013 Imagem: Observatório Romano / AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

30/04/2025 05h30Atualizada em 05/05/2025 10h18

O conclave, que deve escolher o sucessor do papa Francisco nas próximas semanas, segue um protocolo elaborado durante séculos e tem como palco a histórica Capela Sistina, no Vaticano.

O que aconteceu

Capela foi erguida a pedido de um papa no século 15. Construída entre 1477 e 1480, por uma demanda do pontífice Sisto IV, a Sistina fica à direita da Basílica de São Pedro, dentro do complexo do Palácio Apostólico.

Palácio Apostólico, no Vaticano - Tibor Bognar/Getty Images - Tibor Bognar/Getty Images
Palácio Apostólico (Cidade do Vaticano)
Imagem: Tibor Bognar/Getty Images

Sua estrutura tem as mesmas medidas que o lendário templo do rei Salomão. Segundo apurado pela AFP, o edifício tem 40,5 metros de comprimento, 13,2 metros de largura e 20,7 metros de altura.

Capela Sistina, parte do Palácio Apostólico e local onde são realizados os conclaves. - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Capela Sistina, parte do Palácio Apostólico e local onde são realizados os conclaves.
Imagem: Wikimedia Commons

Local é conhecido por seus afrescos históricos, que incluem obras de Michelangelo. O pintor italiano foi responsável pela pintura da abóbada da capela, além de um notório 'Juízo Final' em uma parede atrás do altar. Outros pintores reconhecidos também deixaram suas marcas no local, como Perugino, Botticelli e seus alunos.

Michelangelo foi contratado por Júlio 2º para pintar os afrescos do teto, concluídos entre 1508 e 1512. As pinturas retratam cenas do Antigo e do Novo Testamento da Bíblia, sendo a mais famosa "A Criação de Adão", na qual Deus estende o dedo para tocar a mão estendida do primeiro homem.

Pinturas de Michelangelo são vistas na abóbada e no altar da Capela Sistina, no Vaticano -  Andreas SOLARO / AFP -  Andreas SOLARO / AFP
Pinturas de Michelangelo são vistas na abóbada e no altar da Capela Sistina, no Vaticano
Imagem: Andreas SOLARO / AFP

No centro da capela, há um púlpito com um Evangelho aberto. Diante dele, os cardeais juram manter segredo sobre tudo que é compartilhado no conclave.

Cardeais reunidos na Capela Sistina para escolha do novo papa em 2013, quando Francisco foi eleito - Observatório Romano / AFP - Observatório Romano / AFP
Cardeais reunidos na Capela Sistina para escolha do novo papa em 2013, quando Francisco foi eleito
Imagem: Observatório Romano / AFP

Durante o conclave, cardeais se sentam em cadeiras de madeira de cerejeira com seu nome gravado, com mesas cobertas com toalhas nas cores bege e bordô à frente. Ao fundo, fica a urna com a tampa adornada com duas figuras que representam cordeiros, na qual as cédulas com os votos são depositadas.

Mesas no interior da Capela Sistina, onde acontecem os conclaves - Observatório Romano / AFP - Observatório Romano / AFP
Mesas no interior da Capela Sistina, onde acontecem os conclaves
Imagem: Observatório Romano / AFP

A capela abriga ainda dois fogões conectados à mesma chaminé. É de lá que sai a única indicação do que ocorre em seu interior. Em um dos fogões, o mais antigo, são queimadas as cédulas de votação e as anotações dos cardeais. O outro, mais moderno, serve para anunciar o resultado da votação. Do último, com a ajuda de produtos químicos, sai fumaça preta, se os cardeais não chegam a um acordo, ou branca, quando um novo papa é eleito.

Funcionários instalam os fornos onde serão quimados os votos do conclave  - Observatório Romano / Reuters - Observatório Romano / Reuters
Funcionários instalam os fornos onde serão quimados os votos do conclave
Imagem: Observatório Romano / Reuters
Fumaça preta na Capela Sistina durante conclave - Max Rossi / REUTERS - Max Rossi / REUTERS
Fumaça preta na Capela Sistina durante conclave
Imagem: Max Rossi / REUTERS

Como é a eleição pelo conclave

A eleição acontece dentro da Capela Sistina, no Vaticano. O voto é secreto e depositado em uma urna. O número de votos do escolhido não é divulgado.

Os cardeais são proibidos de qualquer tipo de comunicação com o exterior durante o conclave. Eles não podem enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior.

No início do conclave, os cardeais fazem um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.

Podem votar os cardeais com menos de 80 anos. O número máximo de cardeais eleitores no processo é de 120. Diversas nacionalidades participam do pleito. Não são apenas cardeais do Vaticano ou da Itália que compõem a eleição. Atualmente, há cardeais eleitores do México, da Índia, da França, da Ucrânia e do Brasil.

Como funciona o conclave - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Para ser eleito, um cardeal precisará de pelo menos dois terços dos votos. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.

A tradição diz que o primeiro dia tem apenas uma votação. Na sequência, acontecem duas votações matutinas e duas vespertinas na Capela Sistina. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, as cédulas são queimadas.

Três cardeais são escolhidos para a contagem dos votos. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado. Preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.

Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor escolhe livremente o seu nome. Na sequência, o escolhido se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir.

A tradição ainda prevê a ida do Papa à sacada da basílica de São Pedro depois que o protodiácono anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" (temos um Papa). Assim, o novo pontífice é apresentado à multidão reunida na praça de São Pedro, no Vaticano (leia mais sobre a história do conclave aqui).

*Com AFP e Reuters

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