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Após perder braços e pernas aos 18, ele dirige carros quase sem adaptação

Pedro Pimenta teve braços e pernas amputados devido a uma meningite e hoje faz todas as atividades utilizando próteses especiais - Arquivo Pessoal
Pedro Pimenta teve braços e pernas amputados devido a uma meningite e hoje faz todas as atividades utilizando próteses especiais Imagem: Arquivo Pessoal
do UOL

Simone Machado

Colaboração para o UOL

30/04/2025 05h30Atualizada em 30/04/2025 11h33

Natural de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, o empresário e palestrante Pedro Pimenta tinha apenas 18 anos, em 2009, quando uma meningite bacteriana mudou completamente sua vida. Inicialmente, ele imaginou que a doença era apenas uma gripe forte, mas a enfermidade fez com que o rapaz ficasse seis dias em coma na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e tivesse 1% de chance de vida.

A bactéria se espalhou pela corrente sanguínea e atingiu os membros superiores e inferiores. Devido à necrose, Pedro teve de passar pela amputação dos dois braços acima dos cotovelos e as duas pernas acima dos joelhos. Ao todo, foram cinco meses de internação.

Apaixonado por carros desde a adolescência, Pedro, hoje com 34 anos, tinha acabado de tirar sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e dirigia um Peugeot 206, que considerava um sonho realizado. "Eu sempre fui um amante de carros. Tinha meu Peugeot 206, amava ele", relembra.

Ainda no hospital e sem saber se voltaria a andar, Pedro vendeu o carro para o irmão. "A gente sente que parou a vida", diz.

Inicialmente, os médicos chegaram a dizer que Pedro teria de usar a cadeira de rodas e não seria uma pessoa 100% independente.

"Segundo eles, não me adaptaria às próteses de braços e não conseguiria dar mais do que 15 passos com as próteses das pernas", recorda.

Como Pedro voltou a dirigir

volante - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Adaptação usada no volante onde encaixa a prótese
Imagem: Arquivo Pessoal

Mesmo diante do prognóstico de que não voltaria a andar e muito menos a dirigir, ele manteve o sonho vivo . "Eu pesquisava os carros na época, PCD, via qual que era mais legal e sonhava com tudo isso", conta.

Após um período de reabilitação nos Estados Unidos, onde treinou com veteranos de guerra e trabalhou na clínica que o reabilitou, Pedro conseguiu voltar a dirigir antes mesmo de caminhar com firmeza.

"Eu voltei a dirigir antes de voltar a andar bem, porque eu consegui me adaptar ao carro, em vez de ter de adaptar o carro a mim", explica.

Em vez de realizar grandes modificações nos veículos, Pedro adaptou suas habilidades às possibilidades dos carros automáticos. Hoje, ele dirige com a ajuda de um pequeno pomo portátil no volante, que facilita as manobras.

As próteses robóticas que utiliza são modernas, o que o ajuda em suas atividades - são capazes de movimentos como abrir e fechar garras e girar e flexionar o punho. Também contam com joelhos eletrônicos que facilitam as atividades.

Pedro - Pryscilla K./UOL - Pryscilla K./UOL
Pedro Pimenta posa na clínia Da Vinci, em Barueri (SP)
Imagem: Pryscilla K./UOL

"A única coisa que eu uso é um pequeno pomo portátil no volante, para eu poder agarrar com mais firmeza em curvas de 90°. Minhas próteses têm os movimentos fisiológicos, de abrir e fechar minhas garras, girar o punho, flexionar o punho. Tenho joelhos eletrônicos que me permitem programar um modo de direção", detalha.

Para voltar a dirigir, Pedro conta que não precisou refazer as aulas de autoescola. Apenas renovou sua CNH, convertendo-a para o modelo PCD, com permissão para conduzir usando as próteses. "Eu sou um dos únicos casos no Brasil", diz.

"Não tem uma vez em que eu não entro no carro e falo: caramba, como eu sou grato. Antes, a minha sensação era de que eu nunca faria isso novamente", afirma.

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