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Nepal planeja restringir licenças para escalar o Everest a escaladores experientes

28/04/2025 12h53

Por Gopal Sharma

CATMANDU (Reuters) - O Nepal emitirá licenças para escalar o Everest apenas a alpinistas com experiência em escalar pelo menos uma das montanhas de 7.000 metros do país dos Himalaias, segundo o rascunho de uma nova lei que visa reduzir a superlotação e melhorar a segurança.

O Nepal, que depende fortemente da escalada, do trekking e do turismo, tem sido criticado por conceder permissões a muitos alpinistas, inclusive inexperientes, para tentar subir o pico de 8.849 metros.

Isso frequentemente resulta em longas filas de alpinistas na chamada "Zona da Morte", uma área próxima ao cume onde há oxigênio natural insuficiente para a sobrevivência.

A superlotação tem sido apontada como uma das causas do elevado número de mortes na montanha. Pelo menos 12 alpinistas morreram, e outros cinco desapareceram nas encostas do Everest em 2023, quando o Nepal emitiu 478 permissões. No ano passado, oito alpinistas morreram.

Pela nova proposta de lei, uma permissão para escalar o Everest só será concedida após o alpinista comprovar que já escalou pelo menos uma montanha de 7.000 metros no Nepal.

O sardar, ou chefe da equipe local, e o guia de montanha que acompanham os alpinistas também deverão ser cidadãos nepaleses.

A matéria foi registrada na Assembleia Nacional, a câmara alta do Parlamento, onde a aliança governista detém a maioria necessária para aprovar o projeto.

Operadores internacionais de expedições pediram ao Nepal que aceitasse qualquer montanha de 7.000 metros, e não apenas aquelas localizadas no país dos Himalaias, como pré-requisito para receber a licença para escalar o Everest.

"Isso não faria sentido. Eu também incluiria montanhas próximas de 7.000 metros que são amplamente utilizadas como preparação, como o Ama Dablam, o Aconcágua, o Denali e outras", disse Lukas Furtenbach, da organizadora de expedições Furtenbach Adventures, sediada na Áustria.

Furtenbach, que atualmente lidera uma expedição no Everest, disse que guias de montanha naturais de outros países também deveriam ter permissão para trabalhar no Everest, já que não há uma quantidade suficiente de guias de montanha nepaleses qualificados.

"É importante que os guias tenham uma qualificação como a da IFMGA (Federação Internacional de Associações de Guias de Montanha), independentemente de sua nacionalidade. Também recebemos guias nepaleses certificados pela IFMGA para trabalhar nos Alpes, na Europa", afirmou ele à Reuters.

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