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Faculdade de Medicina expulsa 12 alunos por faixa com apologia ao estupro

Calouros da Atlética de medicina da Faculdade Santa Marcelina posam com faixa que faz apologia ao estupro - Reprodução/ Redes Sociais/Cedido ao UOL
Calouros da Atlética de medicina da Faculdade Santa Marcelina posam com faixa que faz apologia ao estupro Imagem: Reprodução/ Redes Sociais/Cedido ao UOL
Thiago Bomfim e Gustavo Ferreira
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/04/2025 21h38Atualizada em 28/04/2025 22h09

A Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, expulsou 12 alunos de medicina que posaram para uma foto junto a uma faixa que fazia apologia ao estupro.

O que aconteceu

Além dos expulsos, 11 alunos receberam punições. Eles receberam "sanções regimentais que configuram suspensões e outras medidas disciplinares", mas não ficou claro que medidas serão aplicadas. A Faculdade Santa Marcelina não identificou nenhum dos alunos punidos.

Atlética está interditada por tempo indeterminado. "Comprometida com a transparência, os princípios éticos e morais, a dignidade social, acadêmica e a legislação vigente, a Faculdade Santa Marcelina reafirma sua postura proativa e colaborativa em relação ao assunto, perante as autoridades competentes", afirmou a instituição, em nota.

Relembre o caso

Membros da Atlética posaram para uma foto segurando uma faixa com a frase: "entra porra escorre sangue". O caso aconteceu antes de uma partida de handebol.

A foto, que circulou em grupos internos da faculdade, gerou indignação entre estudantes e corpo diretivo. Ela também contava com a presença de uma mulher, que supostamente faz parte da Atlética.

Fontes ouvidas pelo UOL afirmam que a Atlética foi responsável pela compra da faixa e pela inscrição da frase. Alunos relataram que a faixa foi feita após um treino de futsal na quinta-feira, 13, com participação direta dos atleticanos.

A Atlética publicou posteriormente uma nota oficial atribuindo a confecção da faixa aos calouros. Após repercussões internas, foi publicada uma segunda nota afirmando que o presidente e vice-presidentes da gestão 2025 foram afastados.

O Centro Acadêmico Adib Jatene e outras entidades estudantis classificaram o episódio como apologia ao estupro. A frase da faixa, segundo fontes, teria sido inspirada em uma letra de uma música da cantada por alguns dos alunos, que foi banida pela instituição em 2017. A letra fazia apologia à violência sexual e continha expressões explícitas de desrespeito, com versos como "entra porra e sai sangue" e referências à violência sexual contra mulheres. Após denúncia dos coletivos da faculdade, a música foi banida da instituição.

Faculdade teve denúncia sobre hino machista em 2017

Coletivo Feminista Francisca publicou em março de 2017 uma denúncia sobre o hino da AAAPV (Associação Atlética Acadêmica Pedro Vital). Na publicação, é dito que a música era cantada em festas e eventos da faculdade, segundo relatos de estudantes. Fonte ouvida pelo UOL reforçou que a música era amplamente conhecida e entoada em eventos acadêmicos.

Música foi banida pela atlética e outras entidades esportivas após a denúncia. Uma semana depois, o coletivo fez outra publicação agradecendo o apoio e dizendo que "a abolição da mesma [música], foi o mínimo a ser feito, tendo em vista seu conteúdo claramente violento e opressor"

Faculdade Santa Marcelina não se pronunciou oficialmente à época, apesar da repercussão. Em nota enviada ao UOL na última quarta-feira, a instituição afirmou que não teve acesso à denúncia e, por isso, não agiu.

A Faculdade Santa Marcelina esclarece que, em 2017, não teve acesso à denúncia feita pelo Coletivo Feminista Francisca sobre o teor do hino dos estudantes que participavam da Associação Atlética Acadêmica. Na ocasião, a própria associação tomou medidas imediatas, entre elas, o banimento do hino e o repúdio ao ocorrido. Faculdade Santa Marcelina, em nota enviada ao UOL

Lucimara Duarte Chaves, diretora acadêmica, afirmou que nunca tinha tido conhecimento sobre o hino ou seu teor. Depoimento foi dado na última terça-feira durante um inquérito policial instaurado para apurar os casos recentes envolvendo a universidade, ao qual a reportagem teve acesso. Ela está no cargo desde junho de 2017, portanto após a denúncia do coletivo.

A torcida Sangue Azul e Amarelo, suposta compositora do hino, se manifestou apenas após o caso recente envolvendo a faixa. Em publicação, a torcida repudiou a apologia ao estupro e afirmou que não compactua com discursos de ódio.

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