Fábrica da Troller no CE acerta com duas marcas e fará híbridos e elétricos

A antiga fábrica da Troller em Horizonte, no Ceará, abrirá suas atividades nos próximos meses e já tem acordo com duas montadoras para o início de uma produção multimarcas, com a fabricação de três modelos diferentes. A informação foi confirmada pelo UOL Carros durante o Salão de Xangai, na China.
O primeiro modelo começará a ser produzido em novembro deste ano. Em 2026, estão previstas as fabricações de um segundo carro desta mesma marca e outro veículo de uma segunda montadora. Os nomes das marcas envolvidas são mantidos em sigilo por motivos contratuais e só serão divulgados entre maio e junho.
A produção de carros elétricos abrirá o funcionamento da fábrica, mas o local também está preparado para fabricar os híbridos. O investimento inicial é de R$ 200 milhões na primeira fase do projeto.
Vice-presidente da Comexport, empresa responsável pelo Polo Automotivo, Rodrigo Teixeira afirma que a fábrica está pronta para receber o início da produção. Ele seguirá o esquema multimarcas que já existe em lugares como México, Uruguai, Ásia e países do Leste Europeu.
A unidade tem capacidade de produzir até cinco modelos diferentes de novas energias (nada de carro a combustão), em um total de 30 mil veículos por ano. Serão 200 funcionários contratados já em julho, para início da produção em novembro.
"Quem acredito que vai produzir com a gente? Empresas que já conhecem ou atuam no Brasil e que vão trazer produtos complementares, passando a produzir localmente com menor escala e custo", afirmou Teixeira.
A primeira fase da produção será SKD, mas com previsão de nacionalização dos componentes em 2027. Isso porque o objetivo da fábrica é que haja produção local devido às crescentes mudanças em regras tarifárias.
"Vamos utilizar a cadeia de sistemistas com atuação na região, leia-se Pernambuco e Bahia, sem contar no convite para novos fornecedores".
Neste formato, as responsabilidades e os custos são divididos. A empresa fica com toda a tarefa de produção do veículo. Já a parte de desenvolvimento do produto, venda e marketing está a cargo da montadora.
"Jamais vamos vender o carro, esse não é nosso negócio. Montar uma rede de distribuição no Brasil, criar uma marca e uma rede de distribuição não é fácil. O risco de vender é da marca. Agora a mão de obra e os riscos de produção são meus, além de adquirir o projeto e pagar royalties", disse Teixeira.
O executivo acredita que a fórmula adotada no Ceará pode virar solução para capacidade ociosa de fábricas já existentes no Brasil. Um exemplo seria o acordo feito pela Renault com a Geely, que prevê a produção nacional de um modelo eletrificado chinês na fábrica da montadora francesa no Paraná.
"Nosso produto não compete com o carro a combustão de entrada que é produzido no Brasil, mas sim com o eletrificado que é importado. Somos uma alternativa para, em vez de importar, que esse veículo seja produzido aqui".
O Pace (Polo Automotivo do Ceará) criará o que os executivos chamam de 'Auto Tech Zone Brasil'. A montadora gerará ao todo mais de 400 empregos. A notícia foi revelada com exclusividade por UOL Carros.