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Assassino filma vítima agonizando em mesquita e causa indignação na França

Protesto contra islamofobia na França após morte de homem em uma mesquita - ALAIN JOCARD/AFP
Protesto contra islamofobia na França após morte de homem em uma mesquita Imagem: ALAIN JOCARD/AFP

27/04/2025 12h37

O assassino de um maliense em uma mesquita no sul da França, que filmou sua vítima agonizando na última sexta-feira, ainda é procurado pela polícia, após o crime gerar uma onda de indignação. "A principal linha de investigação é a possibilidade de um ato antimuçulmano, mas não é a única", afirmou o procurador de Alès, Abdelkrim Grini, neste domingo.

"Alguns elementos podem sugerir que esse não era o único ou principal motivo", explicou o procurador, em declarações na presença do ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, que destacou que a hipótese de um ato antimuçulmano "não é descartada, pelo contrário".

"Potencialmente muito perigoso"

O assassino, identificado apenas como "Olivier", de cerca de 20 anos, francês de origem bosniana, é "potencialmente muito perigoso", disse o procurador, ressaltando a "urgência" em prendê-lo antes que ele faça mais vítimas.

Em "declarações desconexas" feitas na gravação que ele mesmo fez do crime, ele parece expressar a intenção de repetir o ato. "Eu fiz isso, (...) seu Allah de merda", repete ele, insultando a religião de sua vítima.

Na hora da agressão, Aboubakar, que morava em La Grand-Combe, na região de Gard, tinha ido à mesquita Khadidja, como todas as semanas, para fazer a limpeza antes da oração de sexta-feira.

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Desde o assassinato, as reações se multiplicam no cenário político, incluindo o presidente Emmanuel Macron, que afirmou no X: "O racismo e o ódio por religião nunca terão lugar na França". Ele também garantiu o "apoio da Nação" à família da vítima e à comunidade muçulmana.

"Ódio antimuçulmano"

Na cidade de La Grand-Combe, ainda traumatizada, uma marcha em homenagem à vítima teve início na tarde de domingo. Partindo da mesquita, cerca de mil pessoas se dirigiram à prefeitura. Abdallah Zekri, reitor da mesquita da Paz em Nîmes, expressou seu "sentimento de raiva e ódio contra os responsáveis por este crime". Ele acusou: "O tempo todo se fala de islamismo, muçulmanos, migrantes, OQTF (Ordem de Deixar o Território Francês) na televisão".

Um protesto contra a islamofobia está programado para ocorrer em Paris, às 18h, com um minuto de silêncio.

"Crime horrível"

O primeiro-ministro da França, François Bayrou, condenou no X o crime como uma "ignomínia islamofóbica". Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa (partido de esquerda radical), afirmou: "A islamofobia mata. Todos que contribuem para isso são culpados". A Grande Mesquita de Paris chegou a mencionar a possibilidade de uma dimensão "terrorista" neste assassinato, questionando as autoridades se a linha terrorista estava sendo investigada.

O Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF) declarou que o assassinato de um fiel em uma mesquita é um "crime horrível" que deve "revoltar o coração de todos os franceses". Jean-François Bour, delegado nacional da Conferência dos Bispos da França, destacou a urgência de uma "resposta firme contra o ódio antimuçulmano".

(Com AFP)

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