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Aproximação de Lula com centrão já rende primeiros frutos, diz analista

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/04/2025 13h13

A aproximação do presidente Lula com o centrão já começou a dar os primeiros frutos para o governo no Congresso Nacional. Essa é a avaliação do professor de política da FespSP Beto Vasques, durante participação no UOL News de hoje.

Sem dúvidas já começam os primeiros frutos. A questão é se o governo vai conseguir manter esse relacionamento e a que profundidade. Mas já muda de estágio, passou de uma primeira parte do mandato em que a relação do governo com [o ex-presidente da Câmara] Arthur Lira era mais distante e fria, e agora no caso de Hugo Motta é diferente.

Para Vasques, parte dessa mudança deve-se principalmente à ida de Gleisi Hoffmann para o comando da Secretaria de Relações Institucionais do governo. "Ela já tinha uma relação com os líderes partidários e agora no ministério mantém uma relação diferente daquela que o Alexandre Padilha mantinha."

Quando o Lula assume em um primeiro momento a todo um processo de negociação para ver com essa questão fica. Depois entra o Supremo Tribunal Federal questionando as emendas e isso gera mais uma tensão. O que Lula fez nesses dois primeiros anos foi costurar as exigências do STF e demandas do Congresso para ver como faria a articulação. Com a ministra Gleisi, Lula foi a campo fazendo diversas conversas com os presidentes das duas casas, e os líderes partidários agora estão hipnotizados com Lula, ou seja, é literalmente o presidente entrando em campo para ajudar na coordenação política. O primeiro resultado vê-se que Motta empurrou com a barriga o projeto de lei da anistia e começa a pautar os projetos [governistas] do imposto de renda e segurança. Isso mostra que o governo começa a dialogar de maneira melhor com o centrão, mas no Brasil as coisas mudam muito rapidamente, é semana a semana.
Beto Vasques, professor da FespSP

O analista ponderou que o Brasil "vive um semipresidencialismo de fato, não de direito" após o ex-presidente Jair Bolsonaro "enfraquecer" o Executivo e fortalecer o legislativo. "O governo Bolsonaro, por ser fraco para se sustentar, foi entregando poder progressivamente ao Congresso. Daí a gente viu a explosão das emendas impositivas e secretas durante a gestão Bolsonaro."

Fraude do INSS: governo deu resposta rápida, mas não foi tão clara

Beto Vasques também analisou a Operação Sem Desconto, que investiga a cobrança irregular de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas do INSS entre 2019 e 2024. Para ele, o governo Lula "mostrou isenção e autonomia para as instituições de controle e polícia investigarem", o que é um "mérito", embora tenha demorado em "dar uma resposta mais rápida para a sociedade".

É a investigação de um escândalo, de uma fraude, que foi iniciada no governo Bolsonaro e aprimorada no ano eleitoral de 2022, provavelmente naquele esquema de colocar a máquina para funcionar. Esse escândalo foi investigado desde o início do governo Lula, mas que cresceu durante a gestão e que agora foi cortado pela raiz. Acho que o governo demorou em dar uma resposta mais rápida para a sociedade. O presidente Lula poderia ter vindo a público garantir aos aposentados que o que foi retirado deles será ressarcido.
Beto Vasques, professor da FespSP

Papa Francisco causou impacto global com transformações sociais

No UOL News, a professora de antropologia da religião Brenda Carranza destacou que o papa Francisco deixou um legado de maior transparência e de um olhar mais atento para questões humanitárias.

Para Carranza, foram "questões fundamentais" como essas que marcaram o papado de Francisco: a transparência e a preocupação com questões globais.

O primeiro é o mecanismo de transparência no que se refere às finanças do Vaticano. Foi criado um conselho de mais de 15 representantes entre cardeais, especialistas em finanças e leigos católicos, mas que entendem de economia. Essa é a primeira reforma estrutural que Francisco implementou na igreja.

A segunda é a transparência de relações e colegialidade. Uma igreja voltada para o mundo, a igreja preocupada com as questões climáticas, que afetam diretamente a sobrevivência. Ele convocou o sínodo da Amazônia em que debateu, entre outros, a questão dos povos indígenas, interesses das mineradoras na Amazônia que comprometia os recursos naturais.

Papa Francisco deixa legado de inclusão feminina na Igreja, diz antropóloga

Brenda Carranza também avaliou que a maior participação feminina dentro da igreja católica é outro legado fundamental de Francisco. Para a antropóloga, o papa colocou mulheres em posição de poder de voto e voz, não apenas relegada a questões secundárias.

E o terceiro legado é a participação feminina dentro da estrutura da igreja. Ele rompe com a discussão de participação feminina, que são gestos mais simbólicos. Tiveram as nomeações de sete mulheres que participam da estrutura do Vaticano como pessoas com voz e voto.

Brenda Carranza, professora de antropologia da religião

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