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EUA de olho em terra raras: Trump cobra Zelensky para acordo 'imediato'

Donald Trump e Volodymyr Zelensky discutem durante reunião na Casa Branca, em Washington - Brian Snyder - 28.fev.2025/Reuters
Donald Trump e Volodymyr Zelensky discutem durante reunião na Casa Branca, em Washington Imagem: Brian Snyder - 28.fev.2025/Reuters
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/04/2025 16h41Atualizada em 25/04/2025 16h45

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou hoje que o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não assinou os documentos finais do acordo entre os dois países sobre minerais raros.

O que aconteceu

Trump cobrou assinatura imediata. Em uma publicação na própria rede social, a Truth Social, o republicano afirmou que o acordo está atrasado há pelo menos três semanas. "A Ucrânia, liderada por Volodymyr Zelensky, não assinou os documentos finais do importantíssimo acordo de terras raras com os Estados Unidos", escreveu.

O presidente dos EUA voltou a citar o acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Na mesma postagem, Trump esclareceu que a mediação para alcançar a paz entre os dois países "está indo bem". Sem dar mais detalhes do suposto acordo, ele declarou que "o sucesso parece estar no futuro".

Descontente com ataques da Rússia. Ontem, Donald Trump demonstrou descontentamento com os ataques russos contra Kiev, alertando que Vladimir Putin, presidente da Rússia, deve interromper a ofensiva. "Não estou satisfeito com os ataques russos em Kiev", escreveu. "Desnecessário e em péssimo momento. Vladimir, PARE! 5 mil soldados estão morrendo por semana. Vamos CONCLUIR o acordo de paz!", cobrou.

Trump acusa Zelensky de prolongar a guerra. As críticas feitas ao presidente russo foram feitas um dia depois do republicano acusar Volodymyr Zelensky de prolongar a guerra ao não concordar com uma proposta de paz dos EUA. O líder da Ucrânia, caso aceite o acordo, terá de ceder o controle de todo o território controlado pela Rússia na Ucrânia para Moscou.

Em uma coletiva de imprensa em Pretória, ucraniano reiterou que não reconheceria a Crimeia como russa. A questão da península, anexada por Moscou em 2014, está no centro das tensões com Washington, que tem buscado costurar um acordo de paz favorável a Moscou. "Estamos fazendo tudo o que nossos parceiros propuseram, exceto o que contradiz nossa legislação e a Constituição", que estipula que a Crimeia é parte da Ucrânia, indicou Zelensky.

EUA de olho em terra raras

Amostras de minerais de terras raras: óxido de cério, bastnasita, óxido de neodímio e carbonato de lantânio - David Becker/Reuters - David Becker/Reuters
Amostras de minerais de terras raras: óxido de cério, bastnasita, óxido de neodímio e carbonato de lantânio
Imagem: David Becker/Reuters

O acordo é visto como essencial pela Ucrânia para continuar com o apoio dos Estados Unidos. O presidente Trump, por outro lado, tem interesse na exploração dos recursos minerais em território ucraniano.

EUA de olho em terra raras. O norte-americano quer incluir em um acordo de ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia o acordo por metais estratégicos para a economia do futuro. São recursos cobiçados por grandes grupos industriais, especialmente para fabricar componentes elétricos, como os usados em smartphones.

O que são? Os elementos de terras raras são compostos por 17 matérias-primas, como disprósio, neodímio e cério, descobertos no final do século 18 na Suécia. Embora suas propriedades sejam diferentes, esses elementos foram agrupados sob um mesmo nome porque geralmente estão presentes no mesmo solo. Uma vez retirado da terra, o material deve passar por um tratamento de "separação" dos diferentes minerais em operações químicas que às vezes envolvem ácidos.

Ucrânia é responsável por cerca de 5% dos recursos minerais de todo o mundo. Os interesses de Trump estão em recursos que ainda não estão sendo explorados, são de difícil acesso ou estão localizados em território ocupado pela Rússia.

O país produz três minerais essenciais em particular: manganês (oitavo maior produtor mundial, segundo o World Mining Data), titânio (11º maior produtor do mundo) e grafite (14º maior produtor), essencial para baterias elétricas.

"Uma das maiores reservas" de lítio da Europa também está na Ucrânia, segundo a autoridade ucraniana consultada pela AFP. Esse mineral é essencial na fabricação de carros elétricos. Atualmente, o país não explora essas reservas, o que exigiria grandes investimentos.

Guerra destruiu 2,5 milhões de lares

Bombeiros trabalham no local de uma área residencial atingida por um ataque militar russo, na cidade de Dobropillia, região de Donetsk -  Divulgação / Imprensa do Serviço de Emergência Estadual da Ucrânia na região de Donetsk via Reuters -  Divulgação / Imprensa do Serviço de Emergência Estadual da Ucrânia na região de Donetsk via Reuters
Bombeiros trabalham no local de uma área residencial atingida por um ataque militar russo, na cidade de Dobropillia, região de Donetsk
Imagem: Divulgação / Imprensa do Serviço de Emergência Estadual da Ucrânia na região de Donetsk via Reuters

A guerra começou em fevereiro de 2022. Para tentar justificar a agressão, os russos alegaram que a Ucrânia estava tentando ingressar na Otan (Organização dos Tratados do Atlântico Norte).

Mais de 10% das casas da Ucrânia foram destruídas. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 2,5 milhões de lares foram destruídos até o momento, 13% do total do país. O custo da reconstrução é estimado em US$ 524 bilhões.

Quase 100 mil soldados mortos. As estimativas de vítimas são falhas, mas a imprensa ocidental relata entre 50 mil a 100 mil mortos somente entre os soldados em combate. A missão da ONU de monitoramento dos direitos humanos na Ucrânia já identificou 12.500 civis mortos e cerca de 28.400 feridos. Mas o número real de vítimas é "provavelmente muito, muito, muito maior", diz Danielle Bell, chefe da missão.

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