Sobrinho do papa vai a funeral com doação, e caso gera mal-estar com Milei

Mauro Bergoglio, sobrinho do papa Francisco, recebeu uma doação para ir ao velório do pontífice. O caso gerou um impasse com o governo argentino de Javier Milei.
Mauro ganhou passagens aéreas
Filho de Oscar Bergoglio, Mauro é enfermeiro e vive em Buenos Aires. Em entrevista à emissora local A24 após a morte do papa Francisco, Mauro alegou não ter condições financeiras para custear uma viagem para acompanhar o funeral do tio. Após a declaração, a dona de uma agência de viagens local entrou em contato com a produção da emissora e doou as passagens aéreas para que Mauro fosse até Roma.
Eu nunca pedi um favor. Me ofereceram [as passagens] e aceitei porque era a única maneira que eu tinha de me despedir.
Mauro Bergoglio, à Rádio Mitre Argentina
Vanesa Bergoglio, irmã de Mauro, também se manifestou. Segundo o jornal Clarín, Vanesa publicou por meio de sua conta no X, que atualmente aparece como restrita, que o irmão gostaria muito de acompanhar o funeral, já que o papa Francisco era seu último tio vivo. "Não somos midiáticos, somos trabalhadores e, como a maioria das pessoas, passamos sufoco no fim do mês", escreveu. "Agradeço à mídia por permitir que ele faça essa viagem", acrescentou.
O conflito com as autoridades argentinas
O caso de Mauro gerou desconforto no governo argentino. A oposição local acusou Javier Milei de excluir os familiares do papa Francisco ao montar a comitiva que vai acompanhar o funeral —a cerimônia é amanhã sob forte esquema de segurança. Até o momento, o presidente argentino não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
A delegação argentina partiu para Roma na noite de ontem para acompanhar o funeral do papa. Segundo a emissora local A24, a comitiva de Milei foi composta por Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência; Guillermo Francos, chefe do gabinete de ministros; Gerardo Werthein, ministro de relações exteriores, comércio Internacional e culto; Sandra Pettovello, ministra de capital humano; Patricia Bullrich, ministra da segurança; e Manuel Adorni, porta-voz do governo argentino.
Nahuel Sotelo, titular da secretaria de culto e civilização do país, se pronunciou em seu perfil no X na última quarta-feira. Sotelo afirmou que estava em contato com a família Bergoglio desde que o papa Francisco foi hospitalizado, em meados de fevereiro. Entre as funções da pasta, a secretaria é responsável pela formulação de políticas relacionadas às relações da Argentina com a Santa Sé.
Sotelo relatou que telefonou para um sobrinho do papa Francisco quando chegou a Roma. No entanto, Sotelo não ligou para Mauro, e sim para José Bergoglio, filho de María Elena. "José me contou que ele e sua mãe decidiram seguir o exemplo do Santo Padre e que nunca pensaram em viajar, pois acreditam que é a melhor maneira de honrar a memória de Francisco", escreveu o secretário. Em sua publicação, Sotelo não cita o nome de Mauro Bergoglio.
Vanesa rebateu a declaração de Sotelo. "Só quero que você entenda que perdemos um membro da família aqui, e não pretendemos que haja conflitos políticos. Respeite isso em nome do meu tio", escreveu a irmã de Mauro.
*Com informações da AFP