Lucy Guo: de programadora a bilionária que superou Taylor Swift

Lucy Guo desistiu de uma graduação tradicional para se dedicar à programação, o que marcou o início da trajetória da fundadora de startups e investidora. Aos 30 anos, alcançou uma fortuna de US$ 1,2 bilhão — superando a cantora Taylor Swift no posto de mulher mais jovem a se tornar bilionária self-made, sem ser herdeira. Esse montante veio da inteligência artificial, Guo já mira novos horizontes e aposta em diferentes frentes de inovação para continuar expandindo seus negócios.
Quem é Lucy Guo
Filha de imigrantes, largou a faculdade para estudar programação. Nascida nos EUA e filha de imigrantes chineses, Guo começou a cursar Ciência da Computação, mas largou a graduação tradicional após ser aceita no Thiel Fellowship, um programa que oferece US$ 100 mil a jovens que queiram seguir o caminho da inovação — e deu certo, no caso da nova bilionária.
Sua carreira inclui estágio no Facebook e um período no Snapchat. Em 2016, aos 21 anos, ajudou a fundar a Scale AI, que começou a utilizar dados para melhorar os modelos de aprendizagem para a inteligência artificial — o outro fundador, Alexandr Wang, tinha 19 na época. A empresa se propunha a fornecer dados "limpos", já categorizados, para ajudar no treinamento de algoritmos.
Guo ficou apenas dois anos na empresa, mas manteve uma participação de 5%. Com o boom da IA, o serviço da Scale se tornou relevante para o funcionamento de modelos generativos, como os da OpenAI. Prestes a fechar uma nova rodada de investimentos, a Scale aparece avaliada em US$ 25 bilhões, o que faz a fortuna da jovem chegar a US$ 1,2 bilhão.
Fora da Scale, continuou contribuindo para o desenvolvimento de aplicativos. Já em 2019, fundou a Backend Capital e, em 2022, a Passes, onde é CEO. A primeira é uma gestora de venture capital que investe em engenheiros promissores e startups em fase inicial. Já a segunda é uma plataforma voltada para criadores de conteúdo, com a proposta de monetizar esses profissionais por meio de um modelo mais vantajoso do que o oferecido por concorrentes como o OnlyFans.
Descentralização da internet
É a Passes que mostra um caminho diferente em relação a outros bilionários da tecnologia. Além de diversificar sua atuação, o modelo da empresa indica uma aposta em uma internet mais descentralizada. A proposta é dar controle direto aos criadores, eliminando intermediários e garantindo maior autonomia sobre suas produções.
Na prática, isso significa que os criadores de conteúdo têm gestão sobre o que é veiculado e como o material é apresentado. A Passes, por enquanto, garante que eles sejam os "donos" da audiência, com acesso direto aos dados e à monetização.
Em uma rodada de investimento realizada no ano passado, a Passes arrecadou US$ 40 milhões, permitindo que os usuários fiquem com até 90% das receitas geradas com a venda de conteúdo. Essa rodada foi liderada pela Bond Capital e contou com investidores como o fundo Crossbeam Ventures e Michael Ovitz, ex-presidente da Disney. Ao todo, a empresa já levantou US$ 66 milhões junto a investidores.
Esses recursos têm garantido inovações que incluem maior capacidade de criação com IA. Com isso, foi possível desenvolver avatares que imitam os criadores reais, permitindo, por exemplo, a interação entre fãs e versões digitais desses profissionais — e o público, mesmo ciente disso, não tem demonstrado objeções em interagir com os avatares.
Mas, como em toda trajetória empreendedora, o crescimento não vem sem controvérsias. A plataforma enfrenta processos judiciais relacionados à suposta ausência de mediação adequada de conteúdo, o que teria permitido a circulação de imagens envolvendo menores de idade.
Em resposta, a Passes afirmou que proíbe expressamente esse tipo de material. A empresa argumenta que utiliza ferramentas automatizadas de moderação para identificar e remover conteúdos inadequados. As acusações levantam a discussão sobre os desafios técnicos para a moderação de conteúdo gerado por múltiplos usuários.