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Lembra dela? Nota de R$ 10 que o BC comprou fiado vale uma fortuna hoje

A nota de R$ 10 de polímero faz parte da primeira família do real. - Reprodução/Contagem Numismática
A nota de R$ 10 de polímero faz parte da primeira família do real. Imagem: Reprodução/Contagem Numismática
do UOL

Colaboração para o UOL

24/04/2025 05h30

Lançada em abril de 2000 para celebrar os 500 anos do Brasil, a cédula de polímero de R$ 10 virou item de colecionador e pode valer até R$ 5 mil hoje.

O que aconteceu

A nota de R$ 10 feita de plástico completa 25 anos nesta quarta-feira (24). Emitida pelo BC (Banco Central) em 2000 para comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, a cédula é a única da história do real feita com material polímero. Hoje, é peça disputada por colecionadores e pode valer muito acima do valor de face.

Ao todo, foram impressas 250 milhões de unidades entre 2000 e 2001. A proposta do BC era testar a durabilidade, segurança contra falsificação e a aceitação do novo material entre os brasileiros. Apesar do desempenho positivo em alguns quesitos, os resultados foram considerados inconclusivos, e o polímero acabou não sendo adotado permanentemente.

A produção da cédula também envolveu percalços orçamentários. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo à época, o BC lançou as primeiras notas fiado, sem conseguir pagar a Casa da Moeda por conta de um rombo de R$ 35 milhões no orçamento. A estatal chegou a recorrer a empréstimos bancários para bancar a produção emergencial.

A nota de R$ 10 de polímero faz parte da primeira família do real, que começou a ser recolhida em julho do ano passado. Apesar disso, as cédulas antigas continuam válidas e podem ser usadas normalmente no comércio. A substituição ocorre de forma gradual, conforme as notas chegam aos bancos em mau estado. Elas são encaminhadas ao Banco Central, que retira de circulação e repõe por cédulas da segunda família do real.

Segundo o Banco Central, a cédula foi produzida com substrato importado da Austrália, país pioneiro no uso de polímero. A instituição afirma que, apesar de pontos positivos, o material não foi adotado em definitivo por causa de dificuldades no manuseio e na logística em território nacional. O BC diz que segue observando o uso desse tipo de cédula em outros países e que pode retomar a discussão no futuro.

Anúncio online oferece cédula modelo (usada em testes pela Casa da Moeda) a R$ 4,5 mil - Reprodução/Mercado Livre - Reprodução/Mercado Livre
Anúncio online oferece cédula modelo (usada em testes pela Casa da Moeda) a R$ 4,5 mil
Imagem: Reprodução/Mercado Livre

Hoje, apenas cerca de 3,5 milhões dessas notas seguem em circulação. O número representa uma fração das 627 milhões de cédulas de R$ 10 em circulação atualmente. A maior parte foi retirada pelo próprio BC devido ao desgaste físico — mesmo com a promessa de maior resistência, o polímero apresentou falhas em ambientes úmidos.

Por ser mais rara, a cédula é muito procurada por colecionadores e pode custar centenas ou até milhares de reais. No Mercado Livre, por exemplo, há ofertas que partem de R$ 150 por notas em bom estado. Um exemplar do modelo usado pelo BC em testes antes do lançamento comercial pode ser encontrado por cerca de R$ 4,5 mil.

Impressa pela Casa da Moeda do Brasil, a cédula teve projeto de Tereza Regina Barja Fidalgo e trabalho gráfico de Marise Ferreira da Silva. As gravuras manuais, feitas por Mário Dittz Chaves e Cláudia Lopes Tolentino, foram baseadas em fotografias de Bruno Alves (Reflexo), Luiz Cavalcanti Damasceno, João Américo Peret e Nízio Fernandes.

Folder original de lançamento da nota de R$ 10 - Reprodução/Contagem Numismática - Reprodução/Contagem Numismática
Folder original de lançamento da nota de R$ 10
Imagem: Reprodução/Contagem Numismática

Folder de lançamento

O projeto gráfico da nota de polímero exaltava símbolos do Brasil colonial e contemporâneo. Na frente, estavam Pedro Álvares Cabral, o mapa "Terra Brasilis", inscrições em microletra e a Cruz da Ordem de Cristo nas velas das caravelas. No verso, um mapa estilizado do Brasil destacava a diversidade étnica e os três poderes da República.

O folder original de lançamento explicava que o polímero permitiria mais segurança e durabilidade. A cédula media 140 mm x 65 mm, tinha tons predominantes em azul e laranja, e trazia textos impressos em calcografia e off-set. Uma tiragem especial com numeração limitada (A0001000001 a A0001100000) foi reservada para colecionadores.

O material também reproduzia a carta de Pero Vaz de Caminha sobre o descobrimento do Brasil. Em destaque, o trecho onde se lia: "Ao monte alto o capitão pôs nome: o Monte Pascoal; e a terra: a terra da Vera Cruz".

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