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Após 'não' de deputado, Lula coloca presidente da Telebras nas Comunicações

do UOL

Do UOL, em Brasília

24/04/2025 13h24Atualizada em 24/04/2025 14h40

O presidente Lula (PT) oficializou hoje Frederico Siqueira Filho, presidente da Telebras, para chefiar o Ministério das Comunicações, após a recusa do deputado Pedro Lucas (União-MA) nesta semana.

O que aconteceu

O nome foi indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP). Ele se reuniu ontem com Lula para apresentar opções. A indicação de Pedro Lucas, líder do União na Câmara, chegou a ser confirmada pela ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) no início do mês, após reunião com Lula, mas foi descartada por divergências internas da legenda.

Siqueira Filho já foi empossado nesta manhã, no gabinete de Lula. Segundo o Planalto, o ex-ministro Juscelino Filho e o próprio Pedro Lucas, além de Alcolumbre, participaram da escolha.

A indicação com perfil mais técnico tenta estancar a crise política no União. Siqueira Filho presidia a Telebras desde 2023, na gestão Lula, mas tem experiência na área. Ele trabalhou em diferentes áreas da Oi, incluindo sua direção, por mais de 20 anos, de 2002 a 2023.

Lula confirmou o nome a Alcolumbre, a ministros e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em reunião ontem no Planalto. Siqueira se torna mais um nome da cota do senador no governo, que já contava com o ex-ministro Juscelino Filho e Waldez Góes (PDT), no Desenvolvimento Regional.

A pasta está sem titular desde o dia 8. Juscelino deixou o cargo após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), acusado de desvio de recursos de emendas parlamentares quando exercia o mandato de deputado federal.

Chego com o compromisso de manter e ampliar os projetos que já vêm sendo desenvolvidos: levar conectividade às escolas públicas, ampliar o acesso ao 5G, conectar comunidades na Amazônia, dar celeridade à concessão de rádios e canais de televisão em todo o território nacional e implantar a TV 3.0. Esses são compromissos que transformam a vida das pessoas, reduzem desigualdades e promovem cidadania.
Frederico de Siqueira Filho, novo ministro das Comunicações

Impasse no União Brasil

Partido de diversas frentes, o União passa por uma disputa interna. Alcolumbre queria que Juscelino, seu aliado, fosse para o lugar de Pedro Lucas na liderança do partido na Câmara. A bancada, incomodada com a ingerência e preocupada com as denúncias, rejeitou o nome.

Sem substituto natural, o nome de Lucas acabou travado. Segundo aliados, o parlamentar passou por uma sinuca de bico: queria assumir o ministério e ficar bem com o governo, com quem sempre teve proximidade, mas também não queria desafiar a bancada.

Juscelino gostou do acordo. O UOL apurou que, desde que deixou o ministério, o próprio ex-ministro ligou para colegas parlamentares para angariar apoio para sua ida à liderança —o que é visto com bons olhos pelo governo.

A troca passa ainda por um debate do futuro do União no governo. De olho em 2026, bolsonaristas e oposicionistas da legenda já defendem que o partido aproveite a deixa e entregue o ministério, iniciando o movimento de desembarque. Alcolumbre e outros nomes influentes, como o ministro do Turismo, Celso Sabino, são contra.

Mágoa de Antônio Rueda, presidente do União, com Lula pode ter influenciado recusa. Aliados do presidente do União afirmaram ao UOL que o chefe do Executivo conversou individualmente com cada dirigente de partido para tratar de espaços no governo, mas teria excluído Rueda. O diálogo sobre a sigla foi diretamente com Alcolumbre.

Indicação do Senado não deve mudar humor do partido na Câmara. Deputados avaliam que não haverá prejuízos nas votações que são importantes para o governo, porque a sigla é muito fragmentada e não entrega muitos votos na Casa. A articulação deverá ser feita a cada votação e Lucas, que é mais próximo do Executivo, poderá ajudar.

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