A 200 dias para a COP, Pará diz que obras ficarão prontas a tempo

Mais de 30 frentes de trabalho seguem em execução em Belém com foco na preparação da COP30, que será realizada em novembro na cidade. As obras estão dentro do cronograma previsto e serão entregues antes do início da conferência, disse hoje, a 200 dias para o início da COP, a vice-governadora e coordenadora do comitê estadual COP30, Hana Ghassan (MDB).
Além de garantir a estrutura necessária para a conferência do clima da ONU, que deve reunir 50 mil participantes de todo o mundo na capital paraense, o conjunto de obras foi pensado de forma a deixar um legado para a população local. Com investimentos de R$ 4,5 bilhões que já geraram 5 mil empregos diretos, as obras vão beneficiar indiretamente 900 mil pessoas, de acordo com projeções do governo estadual.
O Parque da Cidade, onde será realizada a COP30, é um exemplo. Com 78% das obras concluídas, o espaço ocupa uma área total de 500 mil metros quadrados onde antes funcionava um aeroporto. É ali que ficarão a blue zone (espaço onde acontecem as negociações oficiais) e a green zone (espaço aberto para a sociedade civil).
A blue zone será construída pela ONU em uma estrutura temporária para o evento. Ao final da conferência, uma segunda etapa da obra do governo do Pará será iniciada com conclusão prevista para dezembro de 2026, quando o parque estará totalmente pronto.
Com lagos, quadras esportivas, centros de gastronomia e de economia criativa, o parque já conta com 2.180 árvores, número que deve ultrapassar 2.500 até a conclusão do projeto. Algumas delas, como samaúmas, seringueiras e palmeiras reais, foram transplantadas de outras regiões para que já estejam grandes na COP.
Outros destaques incluem a revitalização do Porto Futuro II (83% concluída), os parques lineares com drenagem de canais Nova Doca (74%) e Tamandaré (71%), além da requalificação do centro de eventos Hangar, com 58% de avanço, que será integrado ao Parque da Cidade. A Vila COP30, que terá 405 leitos, está com 20% das obras executadas e será utilizada como centro administrativo do governo após o evento, em substituição a imóveis atualmente alugados.
Na área de saneamento, considerada o maior investimento da COP30, dois canais já foram totalmente revitalizados, o Canal da Timbó e o da Gentil, em áreas que sofriam com constantes alagamentos. "Se não fosse a COP, muitas das obras que estão sendo feitas não aconteceriam", disse o secretário executivo da COP30 em Belém, André Godinho.
Dúvidas sobre a hospedagem
O governo federal formalizou hoje um contrato com a Embratur para garantir 6 mil leitos em navios, como parte da estratégia logística do evento. Além disso, seguem em curso negociações com o setor hoteleiro, imobiliárias e plataformas de hospedagem para definir um teto de preços durante o evento, a fim de evitar abusos que preocupam delegações internacionais e a própria ONU.
De acordo com Valter Correia, secretário extraordinário da COP30, o objetivo não é impor valores com base em cidades que já sediaram a conferência, como Baku ou Glasgow, mas sim usar referências locais, como os preços praticados durante o Círio de Nazaré, para estabelecer parâmetros razoáveis. A expectativa é que os termos da proposta sejam fechados até a primeira semana de maio, com adesão voluntária dos participantes. "Ninguém vai ser obrigado a assinar. Estamos buscando o entendimento para tornar mais razoável aquilo que às vezes extrapola", afirmou o secretário.
*A jornalista viajou a convite do governo do Pará