'Irmãzinha' de Jesus: quem é amiga do papa que quebrou regras de velório
A freira Geneviève Jeanningros chamou atenção hoje ao quebrar o protocolo e se aproximar do caixão do amigo, o papa Francisco.
Quem é Geneviève Jeanningros?
Nascida na França, a freira tem 81 anos e faz parte da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus. Fundada pela irmã Madalena de Jesus em 1939, na Argélia, a congregação segue os ideais do religioso Charles de Foucauld: "o Evangelho vivido, a pobreza total e, sobretudo, o amor".
Geneviève trabalha diretamente com minorias. A irmã vive em um trailer com pessoas que trabalham no Luna Park, no bairro costeiro de Ostia, em Roma. Entre elas, estão pessoas LGBTQIAP+ (em especial mulheres trans) e de baixa renda.
A religiosa conhecia o papa Francisco há algum tempo. Depois que ele foi eleito, ela escreveu contando a história de sua tia, a missionária Léonie Duquet, que desapareceu durante a ditadura na Argentina. Desde então, eles nunca pararam de se corresponder. Em um encontro com artistas de rua, Francisco até desejou feliz aniversário a ela. "Sim, nos queremos bem", disse o pontífice à época.
Um encontro marcante entre a freira e o papa ocorreu no ano passado. Em junho, ela foi à Audiência Geral do Vaticano acompanhada de um grupo diverso, formado por homossexuais, transexuais, um casal de catequistas e uma jovem que atua na Pastoral Carcerária com a população trans no presídio de Rebibbia.
"O Papa nos acolheu. Nem sei como descrever isso!", recordou a religiosa em entrevista ao Vatican News. A partir desse momento, se iniciou uma troca constante de bilhetes, cartas e até empanadas feitas pelas mulheres trans argentinas da comunidade da freira, que o papa Francisco apreciava muito.
Elas o querem muito bem porque é a primeira vez que pessoas trans e gays são acolhidas por um papa. O agradeceram porque finalmente encontraram uma Igreja que foi ao encontro delas.
Irmã Geneviève Jeanningros
A irmã Geneviève não conhece pessoalmente todos aqueles com quem convive em sua missão — e nem faz questão de saber detalhes sobre suas vidas. "Não, eu não pergunto", afirmou a religiosa ao ser questionada sobre a orientação sexual das pessoas com quem trabalha. O que realmente importa para ela é seguir o caminho indicado por Charles de Foucauld: "ir aonde a Igreja tem mais dificuldade de ir".
Geneviève ia à Praça São Pedro todas as quartas-feiras para cumprimentar Francisco. Em todas essas visitas, ela proporcionava o encontro do papa com grupos diversos de pessoas que iam ao Vaticano.
Nestes mundos vemos passar pessoas de todos os tipos e o coração se abre, somos pessoas humanas, não se pode ter um julgamento restrito.
Irmã Geneviève Jeanningros