Homem que matou médica e escondeu corpo em mala é condenado a 31 anos

O namorado da médica Thallita da Cruz Fernandes, encontrada morta dentro de uma mala no interior de São Paulo em 2023, foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão.
O que aconteceu
Davi Izaque Martins Silva cumprirá pena em regime fechado. Ele foi condenado ontem por homicídio qualificado, crueldade e tentativa de ocultação de cadáver em júri popular no Fórum de São José do Rio Preto. O Ministério Público havia denunciado Silva em setembro de 2023.
Cabe recurso. O UOL tenta contato com a defesa dele. A matéria será atualizada se houver resposta.
Corpo foi encontrado em mala após mãe e amiga estranharem sumiço. Em 18 de agosto, a amiga foi checar se Thallita estava bem depois que ela parou de responder mensagens. No prédio, o porteiro informou que a médica não havia saído do apartamento.
Amiga decidiu chamar a polícia para entrar no apartamento. No quarto, os militares encontraram a vítima morta, com o corpo nu, dentro de uma mala. Ela tinha diversos cortes no rosto e o banheiro estava ensanguentado.
Relembre o caso
Thallita havia se mudado para Rio Preto para cursar medicina. Ela se formou pela Famerp (Faculdade de Medicina de Rio Preto) em 2021 e nos últimos meses dava plantões em Bady Bassitt, cidade vizinha.
Namorado confessou o crime, segundo as autoridades. O delegado Alceu Lima de Oliveira Junior, responsável pela investigação, afirmou que a intenção de Davi Izaque Martins Silva era tirar o corpo da namorada do local do crime. Contudo, ele desistiu após a mala quebrar. "A mala rasgou. O objetivo dele era sair [do apartamento] com o corpo dela dentro da mala, mas, como estava rasgada, ele não conseguiu", afirmou Oliveira Junior.
Sem sucesso, Davi deixou o local aparentando tranquilidade. Imagens das câmeras de segurança do edifício mostram o rapaz no elevador, às 16h13 de sexta-feira, dia do crime. Ele aparece de costas, com uma mochila, e parece evitar olhar para a câmera. Minutos depois, ele surge no corredor de entrada com o celular na mão e deixa o prédio em um carro de aplicativo.
Motorista do aplicativo disse que Davi estava tranquilo. Ele se sentou atrás do motorista e não manteve muito contato visual, mas conversaram normalmente. O motorista ainda relatou que Davi estava com um cheiro forte de carne e chegou a comentar, mas o suspeito teria dito que era por causa do trabalho em uma lanchonete.
Em depoimento, namorado detalhou o crime. Davi foi preso na residência da mãe dele, em São José do Rio Preto (SP), em 19 de agosto.
Ele disse que usou cocaína, ecstasy e tomou duas cervejas naquela noite. Uma briga por ciúmes teria começado e, durante a discussão, ele passou a agredir a médica com facadas.
Inicialmente, achávamos que o crime seria passional, mas percebemos que ele foi patrimonial, porque o rapaz tinha medo de perder a vida mais tranquila que a médica proporcionava a ele.
Oliveira Junior, delegado
O casal estava junto havia três anos. Há pouco mais de um ano, Davi passou a ficar por vários dias da semana no apartamento de Thallita. Quando a médica viajava para visitar os pais, que moram em Guaratinguetá (SP), o rapaz costumava dar festas para os amigos no local, segundo o delegado. "Algumas vezes houve reclamações dos vizinhos devido ao barulho causado por Davi", diz Oliveira Junior.
Silva usou o celular da vítima. O crime foi descoberto após a mãe estranhar a falta de comunicação com a filha na noite de 17 de agosto. No dia seguinte, ela pediu para uma amiga de Thallita ir até o apartamento. A amiga então mandou uma mensagem para a médica pelo WhatsApp e estranhou a resposta: não podia falar porque o dia de trabalho estava muito corrido. A amiga, contudo, afirma que a médica estaria de folga. Ao insistir nas perguntas, não teve mais respostas.
Nós já desconfiávamos que era o namorado que estava respondendo à amiga e ele confirmou. Somente ele e a Thallita tinham a senha do celular dela e ele se passou pela médica.
Oliveira Junior