No velório do papa, ela tomou 'coragem para dar adeus à mãe'

Luisa, 65, saiu de sua casa localizada na pequena cidade de Sora por volta das 6h com uma missão bem precisa: enfrentar seus medos e seu luto pessoal. Vestiu uma roupa confortável, pegou sua mochila e partiu. Tomou um ônibus, um trem, o metrô e caminhou da estação Ottaviano até a praça São Pedro para participar do velório do papa Francisco.
O périplo matutino, que durou mais de três horas, não a desanimou. Assim como milhares de fiéis, ela enfrentou a fila quilométrica onde os devotos se amontoavam na última etapa antes de ver o corpo do papa.
"Eu sabia que seria assim, que a jornada seria longa, mas precisava estar aqui hoje. Além de dar adeus ao papa, tomei coragem para dizer adeus à minha mãe, que faleceu há poucos meses", disse a italiana.
Para ela, Francisco foi mais do que um líder religioso, mas "foi alguém que nasceu com essa coisa rara que é saber tocar o coração das pessoas"
Após ver o corpo do pontífice, Luisa, exausta, sentou-se nos degraus de uma das estátuas no interior da basílica — algo proibido. Sabia disso, mas não havia bancos disponíveis. Cinco minutos depois, um assistente da basílica pediu que ela se levantasse. Em vez de reclamar, ela apenas sorriu. "Me sinto tranquila agora. Pude enterrar mentalmente minha mãe."
Velório do papa
Velório foi aberto ao público às 6h (no horário de Brasília). Cerca de 20 mil pessoas esperavam a chegada do corpo do papa na Praça de São Pedro para se despedir, segundo o Vaticano.
Caixão será fechado às 15h de sexta-feira (25), informou o Vaticano. O rito de fechamento será presidido pelo cardeal Kevin Joseph Farrell. No sábado (26), o cardeal italiano Giovanni Battista celebra a missa de corpo presente, uma cerimônia de despedida. Após o sepultamento de Francisco, haverá nove dias de luto e orações.
Funcionários do Vaticano, freiras, bispos e autoridades foram os primeiros a se despedir do pontífice. Ontem, o corpo de Francisco foi exposto pelo Vaticano na Casa Santa Marta, onde o papa recebeu orações e as últimas homenagens de religiosos e autoridades. Além dos membros da igreja mais próximos, o presidente da Itália, Sergio Mattarella e o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, visitaram o corpo.