China e Rússia podem construir usina nuclear na Lua para abastecer estação lunar, diz autoridade
Por Eduardo Baptista
XANGAI (Reuters) - A China está considerando construir uma usina nuclear na Lua para abastecer a Estação Lunar Internacional de Pesquisa (ILRS) que está planejando com a Rússia, mostrou uma apresentação de uma alta autoridade nesta quarta-feira.
A China pretende se tornar uma grande potência espacial e pousar astronautas na Lua até 2030, e sua missão Chang'e-8 planejada para 2028 estabeleceria as bases para a construção de uma base lunar permanente e tripulada.
Em uma apresentação em Xangai, o engenheiro-chefe da missão de 2028, Pei Zhaoyu, mostrou que o fornecimento de energia da base lunar também pode depender de painéis solares de grande escala e de oleodutos e cabos para aquecimento e eletricidade construídos na superfície da Lua.
A agência espacial russa Roscosmos disse no ano passado que planejava construir um reator nuclear na superfície lunar com a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) até 2035 para abastecer a ILRS.
A inclusão da unidade de energia nuclear na apresentação de uma autoridade espacial chinesa em uma conferência para autoridades dos 17 países e organizações internacionais que compõem a ILRS sugere que Pequim apoia a ideia, embora nunca a tenha anunciado formalmente.
"Uma questão importante para a ILRS é o fornecimento de energia, e nisso a Rússia tem uma vantagem natural. Quando se trata de usinas nucleares, especialmente enviando-as ao espaço, ela lidera o mundo, está à frente dos Estados Unidos", disse Wu Weiren, projetista-chefe do programa de exploração lunar da China, à Reuters, à margem da conferência.
Após pouco progresso nas negociações sobre um reator espacial no passado, "espero que desta vez ambos os países possam enviar um reator nuclear para a Lua", disse Wu.
O cronograma da China para construir um posto avançado no polo sul da Lua coincide com o programa Artemis, mais ambicioso e avançado da Nasa, que visa colocar astronautas norte-americanos de volta à superfície lunar em dezembro de 2025.
Wu disse no ano passado que um "modelo básico" da ILRS, com o polo sul da Lua como núcleo, seria construído até 2035.
No futuro, a China criará o "Projeto 555", convidando 50 países, 500 instituições internacionais de pesquisa científica e 5.000 pesquisadores estrangeiros para se juntarem à ILRS.
Pesquisadores da Roscosmos também fizeram uma apresentação na conferência em Xangai, compartilhando detalhes sobre planos para procurar recursos minerais e hídricos, incluindo a possibilidade de usar material lunar como combustível.
A ILRS precedeu a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, mas os incentivos para cooperação entre a Roscosmos e a CNSA aumentaram desde o início da guerra, de acordo com analistas chineses.
Com os rápidos avanços tecnológicos e as conquistas lunares da China, e com as sanções ocidentais impedindo a Roscosmos de importar muitas tecnologias e equipamentos espaciais, a China agora pode "aliviar a pressão" sobre a Rússia e ajudá-la a "alcançar novos avanços em lançamentos de satélites, exploração lunar e estações espaciais", escreveu Liu Ying, pesquisador da academia diplomática do Ministério das Relações Exteriores da China, em um artigo de jornal no ano passado.