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Rússia e Ucrânia se acusam de bloquear trégua enquanto EUA ameaçam abandonar esforço de paz

22/04/2025 15h00

(Reuters) - A Rússia e a Ucrânia se acusaram mutuamente nesta terça-feira de atrapalhar as negociações para uma moratória dos ataques a alvos civis, enquanto as partes em conflito disputam o auxílio do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaçou abandonar os esforços de paz.

Ambos os lados estão sob pressão para demonstrar progresso em direção ao fim da guerra na Ucrânia, agora em seu quarto ano, depois que Trump disse que estava perdendo a paciência e poderia abandonar os esforços de paz.

O presidente russo, Vladimir Putin, havia rejeitado a proposta de Trump de um cessar-fogo total de 30 dias no mês passado, após a Ucrânia ter concordado em princípio. Ele anunciou uma trégua unilateral de um dia para a Páscoa no fim de semana. Kiev classificou a medida como uma farsa, e um lado acusou o outro de violá-la.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, respondeu pedindo a suspensão dos ataques a alvos civis por 30 dias, e Putin disse que consideraria a possibilidade, lançando a ideia na segunda-feira de realizar negociações bilaterais pela primeira vez em três anos.

Nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, repetiu que Putin estava interessado em discutir a proposta, mas Kiev precisava "limpar legalmente os obstáculos a tais contatos" para permitir as negociações. Ele não entrou em detalhes, mas Moscou reclama regularmente de um decreto assinado por Zelenskiy que proíbe negociações com Putin.

Zelenskiy respondeu que "não há e não haverá impasses do lado ucraniano".

"Nossa proposta de suspensão dos ataques à infraestrutura civil também continua em pauta. O que é necessário é a genuína prontidão da Rússia para se envolver nessa conversa", disse Zelenskiy no X.

CONVERSAS EM LONDRES

Trump, que há muito tempo afirma que encerraria a guerra rapidamente, mudou a política norte-americana de anos de firme apoio a Kiev para a aceitação da versão russa da guerra. Mas até agora Washington recebeu poucas concessões de Moscou, que manteve suas exigências originais de que Kiev cedesse território e fosse impedida de formar alianças militares com o Ocidente.

A Ucrânia e seus aliados europeus dizem que isso equivaleria à rendição e deixaria o país incapaz de se defender de futuros ataques.

Autoridades norte-americanas, europeias e ucranianas devem se reunir na quarta-feira em Londres. Zelenskiy disse que sua principal tarefa seria pressionar por um cessar-fogo incondicional.

Não há informações sobre negociações diretas entre os lados em conflito desde os primeiros meses da guerra, há três anos. Os lados se encontraram separadamente com autoridades norte-americanas em conversas paralelas na Arábia Saudita no mês passado e concordaram com uma pausa nos ataques à infraestrutura energética. Ambos acusam o outro lado de interromper a pausa.

Questionado sobre um acordo para interromper ataques a alvos civis, Peskov disse que era um tópico complexo que precisava ser discutido levando em conta a experiência do cessar-fogo de 30 horas da Páscoa, sem dar mais detalhes.

"Se falamos de instalações de infraestrutura civil, precisamos diferenciar claramente em que situações essas instalações podem ser um alvo militar", disse Peskov. Ele citou Putin dizendo que uma instalação civil poderia se tornar um alvo militar se combatentes inimigos estivessem se reunindo no local.

As forças russas têm atacado regularmente cidades ucranianas, matando milhares de civis durante o conflito e causando danos extensos ao fornecimento de energia, portos e outras infraestruturas da Ucrânia. Mais recentemente, a Ucrânia adquiriu capacidade de atacar dentro da Rússia e matou civis, embora em números muito menores.

Forças russas mataram pelo menos 35 pessoas em um ataque com mísseis contra a cidade ucraniana de Sumy no início deste mês, em uma ação que Kiev classificou como um ataque deliberado contra civis. A Rússia afirmou ter atingido uma reunião de oficiais militares ucranianos.

(Reportagem da Reuters em Moscou e de Yuliia Dysa em Gdansk)

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